O governo dos Estados Unidos entrou em shutdown após o Congresso não conseguir aprovar o orçamento antes do prazo de 1º de outubro. A paralisação parcial das atividades do governo federal interrompe serviços públicos, atrasa a divulgação de dados econômicos e gera incertezas sobre os próximos passos da política monetária americana.
O que é o shutdown?
O shutdown acontece quando o orçamento federal não é aprovado a tempo pelo Congresso, obrigando a suspensão de serviços públicos considerados não essenciais. Funcionários podem ficar sem salário temporariamente, órgãos fecham as portas e atividades rotineiras do governo são interrompidas.
No caso de 2025, o impasse está relacionado ao pacote fiscal batizado pelo presidente Donald Trump de “one big beautiful bill”. O texto foi aprovado pela Câmara em 19 de setembro, mas acabou rejeitado no Senado.
O que está em jogo no Congresso americano?
- Republicanos defendem um projeto que amplia gastos em defesa e imigração, ao mesmo tempo em que corta recursos de programas ambientais e outras prioridades democratas.
- Democratas pressionam pela manutenção dos subsídios de saúde da Affordable Care Act (Obamacare), beneficiando 24 milhões de pessoas. Eles argumentam que, sem a renovação, os custos de saúde para essas famílias subirão de forma significativa.
Histórico de shutdowns
Desde a criação do mecanismo, os EUA já enfrentaram 14 paralisações. A mais longa ocorreu entre 2018 e 2019, também sob Trump, durando 35 dias e afetando mais de 800 mil servidores.
Impactos imediatos nos EUA
- Suspensão de serviços não essenciais, como museus, parques e agências governamentais.
- Funcionários federais sem pagamento até o fim da paralisação.
- Atraso na divulgação de dados econômicos cruciais, como o Payroll (relatório de empregos), previsto para 3 de outubro.
A ausência dessas informações pode dificultar a tomada de decisão do Federal Reserve, que depende de indicadores de inflação e mercado de trabalho para definir os próximos passos da política de juros. Quanto maior a incerteza, maior a volatilidade nos mercados.
O último shutdown prolongado (2018-2019) reduziu em 0,02% o PIB americano, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Possíveis impactos no Brasil
Embora os efeitos não sejam diretos, o Brasil pode sentir reflexos importantes:
- Incerteza sobre juros nos EUA → sem dados econômicos confiáveis, investidores ficam sem referência clara para avaliar a trajetória da política monetária americana.
- Aumento da volatilidade → mercados de renda fixa e variável no Brasil podem oscilar mais diante da aversão ao risco global.
- Pressão sobre investidores locais → gestores e fundos brasileiros enfrentam maior dificuldade para projetar cenários e tomar decisões de investimento.
Em resumo, o shutdown americano abre um período de instabilidade política e econômica nos EUA, com efeitos que podem atravessar fronteiras e afetar diretamente o mercado financeiro brasileiro.