A primeira plataforma brasileira de registro primário de créditos de carbono entrou em uma nova fase com o lançamento de seu projeto-piloto, apresentado nesta quarta-feira (24) durante a Climate Week, em Nova York. A iniciativa foi desenvolvida pela B3 em parceria com a ACX, já integrada à rede global de negociações.
O sistema permite o registro de créditos gerados pela metodologia PSA Carbonflor, criada pela ECCON Soluções Ambientais e pela Reservas Votorantim, voltada para projetos de conservação da Mata Atlântica. Os primeiros 30 mil créditos estão em processo de aquisição pelas empresas Motiva e EY, o que, segundo os organizadores, indica confiança do mercado na plataforma nacional.
Lançamento e participação governamental
O anúncio ocorreu durante o painel “NbS Carbon Credits: Forest as a Climate Solution”, realizado por B3, ACX, Reservas Votorantim e ECCON. O evento contou com a participação de Cristina Reis, subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda, que apresentou avanços no desenho do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões.
Apoio do setor privado
Representantes de empresas que participam do projeto ressaltaram a relevância da iniciativa.
- Juliana Silva, diretora de Sustentabilidade da Motiva, afirmou que a operação reforça a estratégia da companhia em relação à mitigação das emissões e à conservação da biodiversidade na Mata Atlântica.
- Ricardo Assumpção, diretor de Sustentabilidade (CSO) da EY para a América Latina, destacou o pioneirismo do projeto e seu potencial para impulsionar uma bioeconomia sustentável.
Estrutura e funcionamento da plataforma
A B3 e a ACX iniciaram o desenvolvimento da plataforma em 2024, com o objetivo de facilitar o acesso a informações de projetos de carbono e ampliar a compensação de gases de efeito estufa (GEE) pelas empresas.
Na prática, os créditos registrados pela B3 são automaticamente disponibilizados para comercialização na ACX, permitindo negociações internacionais com rastreabilidade.
A metodologia PSA Carbonflor, aplicada na Mata Atlântica, foi a primeira de conservação florestal baseada na legislação brasileira de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
Segundo Ana Buchaim, vice-presidente da B3, a plataforma representa um marco para as finanças verdes no país, fortalecendo o papel do Brasil no mercado internacional de soluções climáticas.
O CEO da ACX, Carlos Martins, acrescentou que a integração entre a infraestrutura da B3 e a rede global da ACX garante transparência e credibilidade aos créditos brasileiros.
Potencial do mercado de carbono no Brasil
Para o CEO da ECCON, Yuri Marinho, o país já se destaca mundialmente pela matriz energética limpa e pela legislação ambiental, fatores que ampliam as expectativas em torno do mercado de carbono nacional.
O CEO da Reservas Votorantim, David Canassa, reforçou que a existência de uma plataforma brasileira confiável abre novas oportunidades para soluções baseadas na natureza, considerando as especificidades dos biomas do país.