Para acompanhar de perto os reflexos da pandemia de COVID-19, a ABF – Associação Brasileira de Franchising, em parceria com a empresa de pesquisas AGP, vai passar a medir mensalmente o desempenho do setor de franquias no Brasil.
O primeiro mês avaliado foi o de abril. O estudo apontou que a queda média no faturamento das franquias no País foi de 48,2% no período.
Os segmentos mais afetados – principalmente dada as severas restrições de circulação e reunião de pessoas – foram Turismo, Entretenimento, Alimentação e Saúde, Beleza e Bem Estar.
Os indicadores confirmaram a trajetória de queda que já havia sido esboçada na segunda quinzena de março, quando aproximadamente metade das franquias apresentaram uma queda de receita superior a 25%.
“A disseminação por quase todo o país de políticas de restrição a circulação e reunião de pessoas, o fechamento de centros comerciais e a suspensão ou desarticulação de algumas cadeias de valor infringiu um impacto severo ao franchising como um todo, provocando quedas históricas na geração de receita. No entanto, o setor não ficou parado: intensificou o suporte aos franqueados, isentou ou postergou o pagamento de taxas típicas do sistema e, principalmente, mirou sua artilharia na digitalização de suas operações. Essa adaptação expressa é muito importante para o setor e não apenas no curto prazo. Esperamos que esta situação deixe lições importantes que tornarão o sistema ainda mais moderno e resiliente”, afirma André Friedheim, presidente da ABF.
O estudo apontou que tiveram suas atividades suspensas 12% das unidades de franquia e 0,5% foram encerradas definitivamente.
“Essas taxas são muito menores do que negócios isolados dado o trabalho em rede e o apoio das franqueadoras. É um momento difícil, mas estar em uma franquia traz benefícios que favorecem muito a sobrevivência. Além disso, 70% das franqueadoras evitaram demissões no mês de abril. Há um esforço das redes para se reinventar e manter o negócio operando”, disse o presidente da ABF.
As ações mais frequentes adotadas pelas redes para enfrentar os reflexos econômicos da pandemia foram: Reuniões Online, Home Office na Franqueadora, Delivery Partindo das Unidades, E-Commerce da Franqueadora e Venda Online/Retirada na Loja. Grande parte das redes afirmou que pretende manter os dois primeiros itens mesmo após a pandemia.
A pesquisa apontou ainda que, em abril, 91% das franquias de alimentação trabalharam com delivery – um recorde histórico -; já no segmento de Moda, 53% pretendem manter o delivery partindo das unidades após a pandemia e muitas redes que implementaram plataforma de e-commerce da franqueadora agora na pandemia planejam mantê-la posteriormente.
“Mais uma vez fica claro que o esforço de digitalização no setor está chegando mais fundo. Veja o caso de Moda, um segmento com grande ligação com a loja física, inclusive em shoppings, planejando tornar definitivas algumas ações tomadas na pandemia. É o caso, por exemplo, das vendas via WhatsApp que tem tudo para continuar crescendo”, explica André Friedheim.
Linha de crédito para franquias
Por fim, o estudo mostrou que é grande o apoio por parte das franqueadoras para que seus franqueados acessem linhas de crédito (51%).
Nesse sentido, a ABF e a ABF Seccional Rio recentemente fecharam um convênio com a Caixa para facilitar o acesso a crédito no setor de franquias.
O acordo prevê soluções em crédito e serviços bancários para franqueadores associados habilitados e franqueados de redes associadas, além de uma esteira diferenciada de atendimento.
Destaque para duas linhas de crédito especiais com juros a partir de 0,83% por mês e carência de 3 meses para pagamento. A ABF estima que o setor precise de até R$ 3,7 bilhões em crédito e que este convênio possa atingir centenas de franqueadores e até 89 mil unidades franqueadas.
Metodologia
A Pesquisa de Desempenho Mensal referente ao mês de abril de 2020 envolveu uma base amostral com redes respondentes que representam cerca de 21% das unidades e 23% do faturamento.
Dado ao momento de pandemia, a pesquisa abrangeu também os principais desta situação no mercado de franquias. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino.
Auditados por empresa independente, os dados divulgados pela ABF são referência para órgãos governamentais de diversas esferas, entidades internacionais do franchising, como World Franchise Council (WFC), Federação Ibero-americana de Franquias (FIAF) e instituições financeiras.
Sobre a ABF
A ABF – Associação Brasileira de Franchising é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1987, que representa oficialmente o sistema de franquias brasileiro.
O setor registra um faturamento anual superior a R$ 186 bilhões, mais de 160 mil unidades e cerca de 2.900 marcas de franquias espalhadas por todo o Brasil.
Além disso, o franchising brasileiro responde por aproximadamente 2,7% do PIB e emprega diretamente mais de 1,2 milhão de trabalhadores.
Atualmente com mais de 1.300 associados e cobrindo todo o território nacional por meio da seccional Rio de Janeiro e de regionais (Sul, Minas Gerais, Centro-Oeste, Nordeste e Interior de São Paulo), a entidade reúne franqueadores, franqueados, advogados, consultores e demais fornecedores e stakeholders do setor.
O propósito da ABF é fomentar o franchising brasileiro, nacional e internacionalmente, para que ele se mantenha próspero, sustentável, inovador, inclusivo e ético.
A Associação dedica-se a aperfeiçoar o sistema de franquias brasileiro por meio da capacitação de pessoas em diversos cursos presenciais e on-line, do estímulo à inovação, da disseminação das melhores práticas, da representação junto às diversas instâncias públicas e divulgação dos resultados do setor.