A temporada de cruzeiros 2025/2026 deve movimentar milhares de turistas no Brasil, mas também expõe desafios estruturais que podem limitar o potencial do segmento.
Entre 26 de outubro de 2025 e 19 de abril de 2026, o Porto de Santos projeta a passagem de 320 mil passageiros e 14 embarcações, sendo cinco em escalas regulares e nove em trânsito, segundo o Terminal de Passageiros Giusfredo Santini (Concais).
Desafios para o setor
Apesar do volume expressivo, especialistas avaliam que o país ainda explora pouco o potencial dos cruzeiros. “Falta infraestrutura portuária adequada, segurança jurídica nos contratos e políticas de incentivo à cabotagem. Se resolvermos esses gargalos, podemos multiplicar a movimentação e consolidar o Brasil como destino de destaque na América do Sul”, afirma Marco Antonio Araujo Jr., advogado e presidente da Comissão Especial de Direito do Turismo, Mídia e Entretenimento do Conselho Federal da OAB.
Comparativo com temporadas anteriores
O alerta ocorre após uma temporada histórica em 2024/2025, quando o setor movimentou R$ 5,43 bilhões, gerou 84,6 mil empregos e arrecadou R$ 577,4 milhões em tributos, segundo estudo da CLIA Brasil em parceria com a FGV.
Para 2025/2026, entretanto, já se projeta retração: haverá dois navios a menos na costa brasileira, redução de cerca de 20% na oferta de leitos e impacto econômico negativo estimado em até R$ 1,2 bilhão.
Gargalos e perspectivas globais
Entre os principais entraves estão o alto custo operacional, a defasagem dos terminais portuários e a ausência de políticas de longo prazo para atrair companhias marítimas. O tema ganha relevância diante da expectativa de crescimento mundial: em 2025, a indústria de cruzeiros deve receber 37,7 milhões de passageiros, segundo a Cruise Lines International Association (CLIA).
Investimentos previstos
O Governo Federal anunciou recentemente planos de investir cerca de R$ 1 bilhão em terminais de passageiros, em parceria com a ONU Turismo.
A medida busca fortalecer a infraestrutura e tornar o Brasil mais competitivo no setor. Especialistas, porém, destacam que os investimentos precisam ser acompanhados de medidas jurídicas e regulatórias que garantam previsibilidade e segurança às empresas.
“O turismo de cruzeiros é um motor econômico poderoso, que pode gerar emprego, renda e visibilidade internacional. Mas, para avançar, precisamos alinhar esforços públicos e privados em torno de infraestrutura, Sustentabilidade e regras claras de operação”, conclui Marco Antonio.