Com a chegada de dezembro e o início das viagens de fim de ano, aumenta também o risco de golpes aplicados contra turistas. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), apenas no primeiro semestre deste ano foram registradas 174 mil ocorrências de fraudes online, muitas delas envolvendo sites falsos, promoções inexistentes e links maliciosos enviados por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagem.
A alta demanda por hospedagens e a pressa em garantir viagens tornam o período especialmente vulnerável. Golpistas têm explorado desde anúncios fraudulentos de casas e apartamentos de temporada até falsas reservas em hotéis, além de esquemas mais sofisticados que interceptam dados pessoais e financeiros.
De acordo com o perito em crimes digitais Wanderson Castilho, CEO da Enetsec, o fim do ano favorece a ação de criminosos. “Em dezembro, as pessoas têm pressa e estão emocionalmente envolvidas com a ideia de viajar. Os criminosos sabem disso e investem tempo e Tecnologia para criar páginas e documentos que parecem legítimos”, afirma. Ele alerta que até viajantes experientes podem ser enganados, especialmente em um cenário em que 85% das compras são feitas online.
Cuidados essenciais antes de reservar hospedagens
Para reduzir o risco de golpes, Castilho recomenda uma série de cuidados. Entre eles, verificar se o site usado para a reserva é realmente oficial. Embora o cadeado e o “https” indiquem protocolo seguro, criminosos já conseguem replicar páginas completas com alto nível de detalhamento. Conferir o imóvel no Google Maps, comparar fotos, ler avaliações recentes e desconfiar de comentários repetidos são práticas importantes. Links enviados por mensagens devem sempre ser evitados.
Outro ponto crítico são as ofertas “boas demais para ser verdade”. Preços muito abaixo do padrão, especialmente na alta temporada, costumam ser iscas para atrair vítimas. O especialista recomenda comparar valores em diferentes plataformas e desconfiar de anúncios que criam sensação de urgência artificial, como contagens regressivas e mensagens sobre a “última vaga disponível”.
Pagamentos e dados pessoais: atenção redobrada
Castilho orienta que as reservas sejam pagas por métodos que ofereçam possibilidade de contestação, como cartão de crédito. Golpistas costumam exigir pagamento imediato via PIX, transferência ou depósito bancário. Enviar documentos, fotos ou dados pessoais por WhatsApp ou e-mail também aumenta a exposição a fraudes.
Outro golpe frequente envolve falsas redes de Wi-Fi em locais públicos, como aeroportos e hotéis. Ao se conectar a essas redes, o usuário pode ter dados interceptados. O ideal é utilizar a rede móvel ou uma VPN confiável. Caso seja inevitável usar Wi-Fi público, o viajante não deve realizar pagamentos ou fornecer informações pessoais.
Senhas e plataformas oficiais também fazem diferença
O uso de senhas fortes e de autenticação em duas etapas é recomendado para quem fará compras online no período. Uma mesma senha usada em diferentes serviços pode facilitar ataques em cadeia caso seja vazada.
Para ampliar a segurança, o perito afirma que reservar hospedagens em plataformas conhecidas ou diretamente no site oficial do hotel é a opção mais segura. Ao negociar diretamente com proprietários, é importante solicitar vídeos atuais do imóvel e verificar se o anúncio aparece em outros sites — muitos golpistas utilizam fotos extraídas de plataformas estrangeiras. Pressões para concluir a negociação “por fora”, com a promessa de reduzir taxas, também são sinal de alerta.
Castilho reforça que, embora plataformas invistam em mecanismos de segurança, parte da proteção depende do comportamento do usuário. “A tecnologia evolui, mas os golpes também. O viajante precisa checar, confirmar e evitar agir no impulso”, afirma.























