Nas últimas décadas, o setor de games passou por uma transformação impressionante. De um passatempo de nicho nos anos 80 e 90, os videogames se tornaram uma força dominante no mundo do entretenimento digital. Com a ascensão de consoles avançados, jogos mobile e plataformas de streaming de jogos, os games se popularizaram e passaram a movimentar cifras bilionárias.
Para se ter uma ideia, em 2023, segundo dados da consultoria Newzoo, o setor de games gerou mais de US$ 184 bilhões em receitas globais, superando — e com folga — as receitas combinadas da indústria do cinema (US$ 43 bilhões) e da música (US$ 26 bilhões). Esses números mostram que os jogos eletrônicos formam um negócio altamente lucrativo.
O que impulsionou o sucesso dos games?
Vários fatores contribuíram para que os games atingissem esse patamar. A diversidade de plataformas, por exemplo, é um dos principais impulsionadores. Hoje é possível jogar em praticamente qualquer lugar, seja por meio de consoles, computadores, smartphones ou até mesmo com serviços de streaming de jogos, como o Xbox Cloud Gaming, o que torna o acesso mais fácil e democrático.
Outro ponto fundamental é a expansão do público-alvo. Antigamente, os games eram associados principalmente ao público jovem e masculino, mas essa realidade mudou. Atualmente, há jogos voltados para todas as idades, gêneros e interesses. Estimativas indicam que quase 50% do público gamer seja feminino, e uma parcela significativa dos jogadores tem mais de 30 anos.
O modelo de negócios também evoluiu. Jogos gratuitos com compras internas, como Fortnite, League of Legends e Genshin Impact, provaram que é possível gerar receitas altíssimas mesmo sem cobrar pelo download. Ao mesmo tempo, os jogos mobile tornaram-se uma verdadeira febre, ampliando o alcance da indústria a níveis sem precedentes.

A influência cultural dos jogos também merece destaque. A lógica da gamificação está presente em áreas como educação, saúde e marketing, enquanto franquias como The Last of Us e The Witcher atravessaram a mídia e se tornaram séries e filmes de sucesso, reforçando a força dos games como pilar cultural da sociedade moderna.
Games x cinema
Enquanto os games cresciam, o cinema passou por uma série de desafios. Embora ainda produza grandes blockbusters e mantenha certo apelo global, o setor tem enfrentado uma queda de público nas salas, especialmente após a pandemia de Covid-19. Diversos fatores contribuíram para esse cenário. O fechamento de salas por longos períodos comprometeu a bilheteria.
O crescimento acelerado de serviços de streaming como Netflix e Amazon Prime Video fez com que muitas pessoas preferissem assistir aos lançamentos em casa. Além disso, os altos custos de produção e a dificuldade em criar novas franquias tão lucrativas quanto as antigas tornaram os lucros mais incertos.
Em contraste, os games souberam se adaptar rapidamente ao consumo remoto. Durante o isolamento social, mantiveram seu público engajado, oferecendo não só entretenimento, mas também formas de interação social em tempo real, algo que o cinema tradicional não consegue reproduzir com a mesma eficácia.
A música na era do streaming
A indústria da música também foi profundamente impactada pelas transformações digitais. O consumo aumentou consideravelmente, impulsionado por plataformas como Spotify, Apple Music e YouTube. No entanto, as receitas por reprodução continuam baixas. Um número expressivo de reproduções gera apenas alguns poucos dólares, o que torna o modelo insustentável para muitos artistas, especialmente os independentes.
A pirataria ainda é um obstáculo, mesmo que em menor escala do que nos anos anteriores. Além disso, boa parte da renda do setor vem de shows ao vivo e merchandising, não necessariamente da música gravada. Isso torna os artistas mais dependentes de eventos presenciais para manterem sua renda. Em paralelo, os games têm conseguido monetizar o conteúdo de forma recorrente, com a venda de itens virtuais, passes de batalha e sistemas de assinaturas. Franquias como Grand Theft Auto V e Call of Duty movimentaram bilhões com esse modelo híbrido de receita.
Por que os games são mais lucrativos?
A resposta está em uma combinação eficiente de Tecnologia de ponta, modelos de negócios inteligentes e alto engajamento do público. Um jogo de sucesso pode continuar gerando receita por muitos anos após seu lançamento, graças a atualizações frequentes, eventos especiais e sistemas de compra dentro do jogo. Diferente do cinema e da música, que muitas vezes dependem de lançamentos pontuais, os games criam ecossistemas que mantêm os jogadores ativos e investindo continuamente.
Outro diferencial importante está na imersão. Os jogos oferecem uma experiência única, com narrativas envolventes, gráficos realistas e interatividade constante. Essa combinação gera um envolvimento emocional mais profundo e duradouro, tornando os games um meio de entretenimento mais completo.
O futuro dos games
Tudo indica que o domínio do setor de games no entretenimento só tende a crescer. As próximas tendências incluem a expansão de ambientes imersivos ligados ao metaverso, o avanço da realidade virtual e aumentada, o crescimento contínuo dos eSports, e a consolidação de comunidades online e economias virtuais dentro dos jogos. Esses movimentos indicam que o setor continuará liderando a inovação e a lucratividade no entretenimento global.