A Executive Opinion Survey 2025, realizada anualmente pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com o Zurich Insurance Group e a Marsh McLennan, identificou os principais riscos de curto prazo para empresas e economias em 116 países. O levantamento reúne percepções de mais de 11 mil líderes empresariais e antecede a publicação do Relatório de Riscos Globais (Global Risks Report).
Pressões econômicas e sociais dominam o cenário brasileiro
No Brasil, a recessão econômica aparece como o principal risco apontado pelos participantes. Em seguida, surgem a insuficiência de serviços públicos e das proteções sociais — abrangendo educação, infraestrutura e previdência —, o endividamento, o avanço do crime e da economia ilícita e, em quinto lugar, a inflação.
Especialistas ouvidos destacam que os resultados reforçam fragilidades estruturais do país. Para Edson Franco, CEO da Zurich Seguros no Brasil, os dados evidenciam a necessidade de fortalecimento dos mecanismos de estabilidade financeira das famílias, especialmente diante do envelhecimento populacional e da crescente demanda por previdência complementar.
Segundo ele, bem-estar, saúde pública e seguridade influenciam diretamente a capacidade de planejamento das pessoas, a estabilidade das empresas e a resiliência das comunidades.
Clima sai do Top 5, apesar de ano marcado por debates ambientais
Os eventos climáticos extremos, que integravam o Top 5 em 2024, ficaram de fora da lista brasileira neste ano. O dado chama atenção devido à centralidade do tema em 2025, ano da COP30. Para Franco, a ausência do risco climático entre as principais preocupações revela que questões econômicas imediatas têm assumido protagonismo, apesar da importância crescente das discussões ambientais.
Ameaças sociais e tecnológicas ganham destaque
De acordo com Paula Lopes, presidente da Marsh Brasil, o relatório aponta uma transição relevante na agenda de risco das empresas, com questões sociais e tecnológicas aparecendo lado a lado das preocupações econômicas.
Ela ressalta que a ausência do risco climático não indica redução de sua relevância, mas sim a percepção de que sua materialização já é previsível, demandando ações estruturadas de longo prazo.
América Latina enfrenta combinação de riscos sociais, econômicos e criminais
Na América Latina, os riscos mais citados incluem a insuficiência de serviços públicos, a falta de oportunidades econômicas, o desemprego e o avanço da criminalidade.
A instabilidade econômica e a polarização social também se destacam como fatores que dificultam o desenvolvimento sustentável nos próximos anos.
Para lideranças regionais da Marsh McLennan e Zurich, o quadro evidencia desafios comuns que exigem maior integração entre governos, empresas e sociedade.
Entre países do G20, recessão lidera preocupações pelo terceiro ano
No conjunto das maiores economias do mundo, a recessão econômica permanece como o principal risco, ocupando a primeira posição em seis países, entre eles Reino Unido e Estados Unidos. Em segundo lugar está a insuficiência de serviços públicos e proteções sociais, fator especialmente sensível na Europa devido ao envelhecimento populacional.
A falta de oportunidades econômicas, o desemprego e a inflação completam a lista. O quinto lugar é ocupado por riscos tecnológicos relacionados à desinformação, que entram pela primeira vez no Top 5 do G20, impulsionados pela expansão das ferramentas de inteligência artificial e pelas preocupações com impactos em eleições, mercados e segurança digital.
Empresas devem manter foco em riscos climáticos e digitais
Especialistas alertam que os riscos climáticos e tecnológicos devem permanecer no centro das estratégias corporativas. Para Andrew George, presidente da Marsh Specialty, a rápida adoção da inteligência artificial amplia o potencial de disseminação de informações falsas e exige atenção crescente dos conselhos de administração.
Ele destaca que, apesar da queda do tema climático no ranking, a mitigação dos impactos ambientais deve seguir como prioridade corporativa e governamental.
Segundo Zurich e Marsh, os resultados da pesquisa servem como base estratégica para o desenvolvimento de políticas e soluções que reforcem proteção social, segurança econômica e Sustentabilidade.























