O avanço do Pix parcelado, previsto para ser oficializado ainda em outubro, deve marcar uma nova fase no mercado financeiro brasileiro. A modalidade permitirá o parcelamento de compras diretamente pelo Pix, sem depender dos modelos tradicionais de crédito, e é vista como um passo relevante na evolução dos meios de pagamento.
Segundo relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Pix foi o meio de pagamento mais utilizado no Brasil em 2024, com 63,8 bilhões de transações e movimentação de R$ 26,9 trilhões — alta de 52% em relação ao ano anterior.
Impactos para pequenas e médias empresas
A expansão da ferramenta pode redesenhar o cenário para pequenas e médias empresas (PMEs). Para Ticiana Amorim, fundadora e CEO da Aarin, o Pix parcelado tende a alterar não apenas a dinâmica de vendas, mas também o planejamento financeiro das empresas.
“Essa modalidade funciona como uma ponte entre o consumo e o crédito acessível. Para as PMEs, o impacto vai muito além das vendas: envolve previsibilidade financeira, acesso mais simples ao crédito e maior controle sobre margens e recebíveis”, afirmou.
Dados do estudo Geografia do Pix, do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontam que mais de 60% da população brasileira utiliza o Pix mensalmente, reforçando o potencial de abrangência do novo recurso.
Oportunidades e desafios para o ecossistema financeiro
O Pix parcelado deverá criar novas oportunidades e desafios para o ecossistema financeiro. A possibilidade de oferta de crédito integrada ao sistema, com liquidação imediata para o lojista e pagamento parcelado pelo consumidor, amplia a inclusão financeira. Por outro lado, exige das instituições maior atenção à gestão de risco.
Concorrência, inadimplência e estratégias de precificação
Para as PMEs, o cenário envolve tanto perspectivas de crescimento quanto preocupações operacionais. A concorrência deve aumentar entre fintechs, bancos digitais e varejistas que buscam fortalecer sua relação com os clientes por meio de crédito facilitado.
Já os riscos se concentram na inadimplência e na compressão das margens, especialmente quando as taxas são reduzidas. Especialistas destacam a importância de estratégias estruturadas de precificação e de automação financeira, com uso de sistemas de análise de dados capazes de mitigar riscos.
Liquidação em tempo real e necessidade de maturidade financeira
A velocidade das operações é outro fator crítico. Enquanto métodos tradicionais, como cartão ou boleto, possuem prazos de liquidação mais longos, o Pix parcelado opera praticamente em tempo real. Isso exige que empresas investam em soluções tecnológicas que garantam controle rigoroso de recebíveis e evitem desequilíbrios no fluxo de caixa.
“O Pix parcelado é um convite à maturidade financeira e exigirá que as empresas tenham clareza sobre seus números e riscos para se posicionarem de forma competitiva”, afirmou Amorim.





















