Estudo mostra impacto positivo do cooperativismo no Brasil
O cooperativismo não é apenas um modelo econômico alternativo. É, cada vez mais, uma força estrutural de transformação social, desenvolvimento sustentável e inclusão no Brasil e no mundo.
Essa é a principal conclusão do estudo inédito conduzido pela Macfor, que mapeou dados globais, nacionais e comportamentais sobre o tema, revelando o protagonismo crescente das cooperativas tanto na economia quanto nas conversas digitais.
O levantamento foi realizado em um contexto simbólico: 2025, declarado pela ONU como o Ano Internacional das Cooperativas, um reconhecimento da contribuição do setor para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). E os números reforçam esse protagonismo.
Cooperativas no mundo e no Brasil
Atualmente, uma em cada oito pessoas no mundo está vinculada a alguma forma de cooperativa, o que representa 12% da população global. Este ecossistema movimenta impressionantes 2,17 trilhões de dólares anualmente e é responsável por 280 milhões de empregos, sendo um dos maiores motores de geração de renda e inclusão social do planeta.
No Brasil, o impacto do cooperativismo se destaca, especialmente no agronegócio, um dos setores mais estratégicos para a economia nacional. Segundo o estudo, o agro responde por 25% do PIB por efeito das cooperativas que reúnem mais de 12 milhões de associados e estão organizadas em aproximadamente 1.200 entidades espalhadas pelo território nacional.
Além de impulsionar a produtividade e a competitividade do agro, o cooperativismo brasileiro promove desenvolvimento local, inclusão social e melhores condições de vida para milhares de famílias.
Percepção digital e engajamento nas redes
O digital revela o sentimento do brasileiro em relação às cooperativas
O estudo da Macfor vai além dos indicadores econômicos e mergulha no comportamento digital para entender o que o termo “cooperativa” desperta nas pessoas.
Em 2025, a palavra registrou 25 milhões de buscas no Google, sendo 20% delas originadas no Brasil- um desempenho que coloca o país à frente até mesmo de mercados tradicionais do cooperativismo, como os Estados Unidos, onde o termo Segundo o estudo, o agro responde por 25% do PIB por efeito das cooperativas“cooperative” (em inglês) registrou cerca de 23 milhões de buscas.
Essa alta expressividade digital revela o interesse crescente do brasileiro em compreender o tema. As buscas mais frequentes giram em torno de perguntas básicas como “o que é cooperativa” e “como funciona”, evidenciando que, embora o setor esteja consolidado em diversas regiões, ainda há um espaço relevante para ações de esclarecimento e aproximação do público.
As redes sociais também se mostram um terreno fértil para o debate cooperativista. Facebook, Instagram e TikTok despontam como os principais canais de discussão, ampliando o alcance das cooperativas para além dos círculos tradicionais e conectando o tema a públicos mais jovens e diversificados.
E o tom desse debate digital é, majoritariamente, positivo. De acordo com o monitoramento da Macfor, 76% das emoções expressas nas redes sobre cooperativas são positivas, com destaque para sentimentos de amor e alegria (uma percepção rara em debates econômicos e que reforça o caráter comunitário), humano e transformador do cooperativismo.
A alta parcela de comentários neutros, por sua vez, confirma o espaço para ampliar o conhecimento e o engajamento das pessoas.
O estudo também chama atenção para a queda nas buscas pelo termo “cooperativa” no final de dezembro, um padrão típico do comportamento digital no Brasil, que se explica pela migração do interesse coletivo para temas festivos, pelo recesso institucional, pela pausa no ciclo agrícola e pela redução dos estímulos de mídia no período.
Paradoxalmente, o Natal representa uma janela estratégica para as cooperativas criarem campanhas alinhadas aos seus valores de solidariedade e coletividade, ampliando sua visibilidade e conexão emocional com a sociedade.
Regiões cooperativistas colhem melhores indicadores sociais e econômicos
Os dados da Macfor confirmam, ainda, que o cooperativismo brasileiro se concentra, sobretudo, em regiões historicamente associadas ao agronegócio e ao desenvolvimento rural.
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Espírito Santo lideram o ranking de interesse e presença de cooperativas.
Indicadores socioeconômicos superiores
E a presença cooperativista não é apenas quantitativa. Municípios com atuação estruturada de cooperativas apresentam indicadores sociais e econômicos consistentemente superiores.
Segundo o estudo, essas localidades possuem melhores taxas de alfabetização e saneamento básico, renda domiciliar per capita mais elevada, PIB per capita 21,67% acima da média nacional e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio de 0,78, um patamar considerado elevado.
Cooperativismo e os ODS
O cooperativismo como instrumento prático dos ODS
A pesquisa inédita reforça que as cooperativas não apenas defendem, mas materializam, na prática, os compromissos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Ao promoverem inclusão social, desenvolvimento econômico regional, Sustentabilidade ambiental e fortalecimento comunitário, as cooperativas brasileiras demonstram como esse modelo de organização econômica é, simultaneamente, eficiente, humano e sustentável.
Mais do que um arranjo jurídico ou empresarial, o cooperativismo se consolida como uma resposta concreta aos desafios contemporâneos do Brasil e do mundo, articulando produtividade com justiça social, competitividade com inclusão e crescimento com sustentabilidade.
Num cenário global em que as pessoas buscam cada vez mais conexões genuínas e modelos econômicos que privilegiem o coletivo, os dados da Macfor deixam um recado claro: o cooperativismo não é apenas relevante, é indispensável para construir um futuro mais justo, próspero e equilibrado.
Metodologia:
O estudo utilizou análises comparativas entre municípios com cooperativas e municípios-controle, estudos de caso, dados digitais autorais, entrevistas e relatos para avaliar seus impactos reais.
Também foi analisado o alinhamento das cooperativas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.