Desde o início de 2025, a cotação do dólar tem registrado queda, refletindo um cenário de instabilidade nas últimas semanas. Em fevereiro, a moeda americana acumulou uma redução de quase 6% em relação ao mesmo período de janeiro, alcançando o menor valor desde novembro de 2024, ao ser cotada a US$ 5,68.
Nos últimos dias, o mercado tem observado uma certa estabilização do dólar, que tem variado na faixa dos US$ 5,80.
Impactos no Comércio Exterior Brasileiro
Para Sandro Marin, especialista em comércio exterior e diretor da Tek Trade, essa possível estabilização pode gerar efeitos positivos para as importações brasileiras.
Segundo Marin, a ausência de notícias impactantes e a baixa interferência das novas tarifas sobre importações anunciadas pelo governo dos Estados Unidos contribuíram para esse cenário.
Ele acredita que a manutenção dessa estabilidade cambial pode estimular o fluxo de importações, beneficiando diversos setores da economia brasileira.
“Com o dólar mais estável, as empresas brasileiras conseguem negociar melhores condições de pagamento e reduzir os custos operacionais. Isso impacta diretamente no consumidor final, que pode observar preços mais competitivos em produtos estrangeiros”, explica Marin.
No entanto, o especialista alerta que o mercado continua atento aos movimentos da economia dos Estados Unidos, e a divulgação de novos indicadores econômicos pode alterar o panorama cambial.
Aumento das Importações Brasileiras
Dados do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), revelam que as importações brasileiras já apresentam alta nos primeiros dois meses de 2025.
Em janeiro e fevereiro, o valor das importações atingiu US$ 46,3 bilhões, contra US$ 38,7 bilhões no mesmo período de 2024, representando um crescimento de 19,6%.
A China continua sendo o principal fornecedor para o Brasil, com importações que somaram US$ 14 bilhões – um aumento de 47% em comparação ao ano anterior. Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar com US$ 6,7 bilhões, seguidos pela Alemanha (US$ 2,2 bilhões), Argentina (US$ 1,9 bilhão) e Rússia (US$ 1,4 bilhão).
Estratégias de Proteção Cambial
Diante das oscilações cambiais, Marin sugere que empresas que atuam no comércio exterior adotem estratégias para proteger seus negócios. Uma das opções é o uso de hedge cambial, uma prática financeira que visa minimizar o risco de flutuações nas taxas de câmbio.
“Uma das formas de neutralizar a volatilidade do dólar é por meio de contratos futuros, que permitem às empresas se protegerem contra variações indesejadas na conversão de moedas”, explica o especialista.
Com a possível estabilização do dólar, o cenário pode ser favorável para as importações brasileiras, mas as empresas precisam estar atentas às mudanças econômicas globais que podem impactar a cotação da moeda.