O anúncio de tarifas adicionais de 10% sobre os produtos brasileiros, impostas pelo governo dos Estados Unidos, gerou preocupações e cautela na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A entidade ressaltou a necessidade de uma análise cuidadosa das medidas divulgadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e enfatizou a importância de intensificar o diálogo para preservar uma relação histórica e complementar entre Brasil e EUA.
Preocupação com o Impacto das Tarifas
Em resposta ao anúncio, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que qualquer medida que dificulte a entrada dos produtos brasileiros em um mercado tão relevante quanto o dos Estados Unidos é motivo de preocupação.
“Precisamos fazer uma análise completa do ato. É preciso insistir e intensificar o diálogo para encontrar saídas que reduzam os eventuais impactos das medidas”, avaliou Alban.
A tarifa adicional de 10%, que afetará todos os países, entrará em vigor no dia 5 de abril. Além disso, os Estados Unidos anunciaram tarifas mais altas para países com os maiores déficits comerciais, como China (34%), União Europeia (20%) e Japão (24%), com início em 9 de abril. Para produtos como aço, alumínio, veículos e autopeças, permanecerá a tarifa de 25%, anunciada recentemente.
Estados Unidos: Principal Destino das Exportações Brasileiras
Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira, especialmente de produtos com maior intensidade tecnológica.
Em 2024, a indústria brasileira exportou US$ 31,6 bilhões em produtos para os EUA, o que gerou a criação de 24,3 mil empregos a cada R$ 1 bilhão exportado, além de R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção.
De acordo com levantamento da CNI, os EUA são os maiores compradores de 13 dos 20 produtos mais exportados pelo Brasil. Entre os itens com maior participação nas exportações para os Estados Unidos, destacam-se o petróleo bruto, ferro fundido, café não torrado, aviões e peças automotivas.
Produtos mais Exportados aos Estados Unidos
- Óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos – 11,5% das exportações brasileiras deste produto vão para os EUA.
- Ferro ou aços semimanufaturados – Os EUA lideram com 74,5% das exportações deste produto.
- Ferro fundido bruto – 71% das exportações do produto têm como destino os EUA.
- Café não torrado – 18% das exportações desse produto são destinadas aos Estados Unidos.
- Aviões e veículos aéreos – 54,5% das exportações brasileiras desses produtos vão para os EUA.
- Pasta química de madeira – Os EUA recebem 14,7% das exportações desse produto.
Missão da CNI aos Estados Unidos
Com o objetivo de fortalecer os laços e buscar soluções para desafios comuns, a CNI organizará uma missão empresarial aos Estados Unidos na primeira quinzena de maio.
A comitiva será composta por empresários brasileiros que se reunirão com representantes da indústria e do governo norte-americano para discutir temas relacionados à facilitação do comércio e à abertura de novos mercados.
Ricardo Alban destacou que a missão busca aprofundar o relacionamento bilateral e discutir maneiras de fortalecer a cooperação econômica entre os dois países.
“A missão tem o objetivo de intensificar o relacionamento e encontrar soluções para o fortalecimento do comércio entre Brasil e Estados Unidos”, explicou Alban.
Relações Econômicas Brasil-EUA
O Brasil tem se destacado como um dos poucos países com os quais os Estados Unidos mantêm um superávit persistente no comércio de bens. Nos últimos dez anos, o superávit acumulado do comércio de bens dos EUA com o Brasil alcançou US$ 91,6 bilhões.
Além disso, a tarifa média efetivamente aplicada pelo Brasil aos produtos dos EUA foi de apenas 2,7% em 2023, bem abaixo da média geral da tarifa nominal brasileira, que é de 11,2%, conforme dados da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Esses dados ressaltam a importância do diálogo contínuo entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em um momento de tensão tarifária, para evitar impactos negativos no comércio bilateral e na economia de ambos os países.