O dólar norte-americano continua sua trajetória de desvalorização, atingindo nesta segunda-feira, 21 de outubro de 2023, o menor patamar desde 2022. O índice ICE, que avalia a moeda em relação a uma cesta de divisas estrangeiras, chegou a 97,92 pontos pela manhã, mas recuperou parte das perdas, operando a 98,25 por volta das 10h30.
A queda do dólar é atribuída, em parte, à diminuição da confiança na economia dos EUA, acentuada por críticas do ex-presidente Donald Trump à política monetária do Federal Reserve, comandado por Jerome Powell. As declarações de Trump provocaram preocupações sobre uma potencial mudança forçada na liderança do banco central.
Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, comentou em entrevista à CNBC que “o mercado expressa claramente seu descontentamento com a possibilidade de que o presidente tente remover a presidência do Fed. Observamos uma perda de confiança nas políticas econômicas dos EUA nas últimas semanas”.
Historicamente, o dólar é considerado a principal moeda de reserva global, e os ativos norte-americanos têm superado os de outros países na última década, elevando a demanda por essa moeda. No entanto, nesta segunda-feira, outras moedas apresentaram valorização significativa. O euro, por exemplo, subiu 1,3% em relação ao dólar, enquanto o iene japonês e o franco suíço também se apreciaram.
Conforme reportado pelo Financial Times, o aumento simultâneo do euro e dos títulos do governo alemão neste mês sinaliza uma “fuga de capitais” em direção à dívida de referência da zona do euro, vista como um refúgio em meio à turbulência das relações comerciais.
Os títulos alemães e o euro normalmente seguem direções opostas: um otimismo sobre a economia tende a beneficiar a moeda em detrimento da demanda por ativos seguros. Contudo, neste mês, o euro valorizou cerca de 5% frente ao dólar, mesmo após um histórico acordo de gastos na Alemanha que levou a uma venda dos bônus alemães. Em contrapartida, os custos para empréstimos de dois anos nos EUA agora estão aproximadamente 2 pontos percentuais acima dos da Alemanha, comparados a cerca de 1,7 ponto percentual no início de março.