Com a aproximação da divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025 e do anúncio da nova política de estrutura de capital, que deve esclarecer o potencial de pagamento de dividendos, o Bradesco BBI considera que este é um momento oportuno para investidores estrangeiros adquirirem ações da Copel (CPLE6). A instituição estabelece um preço-alvo de R$ 14, indicando um potencial de valorização atrativo de cerca de 30%, baseado em uma taxa de desconto real de 9,2%. Às 11h23 (horário de Brasília) desta terça-feira, 22 de outubro, as ações da empresa registravam alta de 1%, sendo negociadas a R$ 11,13.
De acordo com o relatório, este potencial de valorização é um dos mais superiores dentro da cobertura do banco e é um dos principais fatores que podem levar a uma reprecificação das ações. No momento atual, os papéis da Copel apresentam uma taxa interna de retorno (TIR) real implícita de aproximadamente 12%, superando em 450 pontos-base a NTN-B. Contudo, espera-se que as ações negociem mais de perto ao rendimento dos títulos NTN-B de longa duração.
O Bradesco BBI observa que ações com um perfil de alto dividendo, como CPFL (CPFE3), Taesa (TAEE11) e CTEEP (ISAE4), grupo ao qual a Copel deve se integrar, tendem a ser negociadas perto da NTN-B. Os analistas ressaltam que, com a nova narrativa de dividendos, é plausível que a ação da Copel viva uma valorização de até 50%.
Gatilhos iminentes para Copel
O Bradesco BBI também destaca que a nova política de dividendos da Copel será anunciada em 8 de maio e é esperada para apresentar um dividend yield superior a 10% já em 2026. Além disso, a liquidez das ações deve aumentar, uma vez que a empresa planeja migrar para o Novo Mercado da B3 no segundo semestre de 2025, unificando suas ações ordinárias e preferenciais em uma única classe e prevendo um volume diário de negociações estimado em US$ 35 milhões.
Outro ponto importante mencionado é que, ao final de 2025, o Brasil realizará seu segundo leilão de capacidade. A Copel conta com o projeto hidrelétrico mais competitivo, a expansão da FDA com 860 MW, e sua distribuidora, que representa 50% do EBITDA consolidado, passará por uma revisão tarifária periódica em junho de 2026. Essa revisão deve atualizar a base de ativos regulatórios, o que resultará em expressivos retornos e impulsionará o fluxo de caixa da empresa.
Projeções
A projeção do Bradesco BBI sugere um crescimento do EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 27% em 2026 e de 13% em 2027, impulsionado pela revisão tarifária da distribuidora e por cortes planejados de 20% em relação aos níveis anteriores à privatização, meta que o banco considera alcançável até 2027. Com essa trajetória de crescimento, a alavancagem da Copel deve cair significativamente.
Com um payout (dividendo em relação ao lucro) estimado em 55%, a relação dívida líquida/EBITDA deve passar de 2,9 vezes em 2025 para 2,4 vezes em 2026 e 2,1 vezes em 2027. Esse nível de desalavancagem fará com que a nova política de estrutura de capital, voltada para dividendos, seja anunciada. Essa abordagem deve ser apoiada por uma governança aprimorada após a privatização e por uma administração cujos salários estão intimamente vinculados ao desempenho das ações.
O Bradesco BBI espera que a nova política defina uma faixa-alvo de alavancagem (Dívida/EBITDA) entre 2,5 e 3,0 vezes, com um ponto médio em 2,7 vezes. A Copel deve ajustar seu payout de dividendos para se alinhar a esse patamar a partir de 2026.
Com a eventual e positiva projeção do Bradesco BBI, estima-se que a empresa necessitará distribuir aproximadamente 180% do lucro líquido em 2026 para alcançar sua meta de alavancagem, resultando em um dividend yield aproximado de 13%. Em 2027, o payout precisará ser de 155%, com yield de 14%, valores que estão entre os mais altos da cobertura do banco. Há também espaço para valorização caso a Copel opte por buscar o limite superior da faixa de alavancagem, de 3,0 vezes.
Uma questão crucial a ser abordada pela gestão durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, marcada para 9 de maio, é se a Copel poderá utilizar parte dos R$ 9 bilhões em lucros acumulados para complementar os dividendos, permitindo assim payouts superiores a 100% do lucro líquido, conforme previsto pela legislação brasileira. Para o Bradesco BBI, a resposta é afirmativa, e limitar o pagamento a 100% contrariaria a nova política de estrutura de capital.
O BBI acredita que a empresa adotará um modelo híbrido, priorizando dividendos elevados, ao mesmo tempo em que aproveitará oportunidades de fusões e aquisições (M&A) que se mostrem claramente vantajosas em termos de retorno, ou seja, que ofereçam retornos superiores ao custo de capital implícito das ações. Assim, o payout mínimo pode ser elevado de 55% para um intervalo entre 65% e 75%.
Desde a privatização, analistas destacam que a gestão da Copel já conduziu duas operações de M&A positivas: (i) a desativação da participação cruzada com a Eletrobras, com uma TIR real de 16%; e (ii) a venda de 30% da usina Baixo Iguaçu para a Energo-Pro, resultando em uma negociação exemplar com TIR real de 6%.