O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, nesta quinta-feira (6), durante a Cúpula do Clima em Belém, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), iniciativa voltada à preservação das florestas tropicais e à valorização econômica dos serviços ecossistêmicos.
O anúncio foi feito durante o almoço oficial oferecido a líderes globais, que reuniu dezenas de chefes de Estado, representantes de organismos internacionais e investidores. O objetivo do TFFF é mobilizar até US$ 125 bilhões, combinando recursos públicos e capital privado, para financiar ações de conservação ambiental em mais de 70 países com cobertura florestal tropical.
“As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas devem integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais ainda não estão à altura do desafio”, afirmou Lula.
Fundo global com foco em retorno ambiental e econômico
Segundo o presidente, o TFFF é uma ferramenta inovadora que não se baseia em doações, mas em investimentos soberanos e de impacto, com portfólios diversificados em ações e títulos sustentáveis.
Os primeiros aportes virão de governos nacionais, que deverão estimular a participação do setor privado. O modelo prevê uma meta inicial de US$ 25 bilhões em contribuições públicas, com projeção de chegar a US$ 125 bilhões em capital combinado.
“Os lucros serão repartidos entre os países detentores de florestas tropicais e os investidores. Esses recursos irão diretamente para os governos nacionais, garantindo programas soberanos e duradouros de proteção ambiental”, explicou Lula.
O fundo prevê ainda que 20% dos recursos sejam destinados a povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo o papel fundamental dessas populações na preservação dos ecossistemas.
Monitoramento e metas ambientais
O acompanhamento das florestas será feito por sistemas de satélites, capazes de identificar, em tempo real, o cumprimento da meta de manter o desmatamento abaixo de 0,5% nos países participantes.
Com base nos resultados de preservação, o mecanismo prevê o pagamento de até US$ 4 por hectare mantido em pé, o que poderá beneficiar diretamente os 1,1 bilhão de hectares de florestas tropicais existentes em 73 países em desenvolvimento.
Governança e adesão internacional
O Conselho do Banco Mundial será responsável por hospedar o mecanismo financeiro e o secretariado do TFFF, que terá modelo de governança inovador e foco em transparência, rastreabilidade e resultados mensuráveis.
Lula destacou que vários países e financiadores internacionais já manifestaram apoio à iniciativa, reforçando o papel do Brasil como líder global na agenda de preservação ambiental.
“É simbólico que a celebração do nascimento deste fundo aconteça aqui, em Belém — cercada por sumaúmas, açaizeiros e jacarandás. Em poucos anos, veremos o fruto desse esforço coletivo. Teremos orgulho de lembrar que foi no coração da Amazônia que demos esse passo juntos”, concluiu o presidente.





















