Durante coletiva de imprensa na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu à pergunta da jornalista Patrícia, da TV Record, sobre declarações atribuídas ao presidente Donald Trump que compararam narcotraficantes latino-americanos ao grupo ISIS e defenderam que “não é preciso uma declaração de guerra para matar quem traz drogas”.
Ao ser questionado, Lula afirmou que “falta compreensão sobre a questão da política internacional” e defendeu o respeito às leis, à soberania dos países e à vida humana no combate ao tráfico.
“Eu acho que falta um pouco de compreensão da questão da política internacional. Você não está aí para matar as pessoas, você está aí para prendê-las — e é isso que o Brasil vem fazendo há muito tempo. Você tem que prender as pessoas, julgá-las, saber se a pessoa estava ou não traficando, e aí sim puni-las de acordo com as leis. É o mínimo que se espera que faça um chefe de Estado.” Afirmou.
“Ser chefe de Estado é ter de tomar decisões. Em tudo, você precisa decidir. Então, você tem que escolher se quer ser um líder respeitado e amado, ou um líder temido e odiado. E isso depende muito das palavras que você fala, depende muito do jeito como você se comporta”, completou. É assim que eu procedo. Antes de falar, de julgar alguém, eu preciso conhecer essa pessoa, eu tenho que ter provas. Você não pode simplesmente dizer que vai invadir, que vai combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a Constituição desses países, a autodeterminação dos povos e a soberania territorial de cada nação. Porque, se o mundo virar uma terra sem lei, sem respeitabilidade, vai ficar muito difícil viver.
A fala de Lula ocorreu em meio a um debate internacional sobre segurança e narcotráfico, após recentes declarações de Trump sobre ações de força contra traficantes em território estrangeiro.
“Toda vez que se fala em combater as drogas, seria melhor combater os vícios internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que também são vítimas dos usuários. Ou seja, há uma troca: há quem venda porque há quem compre, e há quem compre porque há quem venda. Então, é preciso que a gente tenha mais cuidado no combate às drogas.”
O presidente brasileiro enfatizou que o combate às drogas deve ser feito dentro do Estado de Direito e com políticas voltadas também à redução da demanda e à reabilitação de usuários.
Contexto
A coletiva fez parte da agenda de Lula na Indonésia, durante encontro bilateral com líderes do Sudeste Asiático. A resposta do presidente brasileiro repercutiu entre diplomatas e analistas, por reforçar o compromisso do Brasil com a legalidade internacional e o respeito à soberania dos países.



















