A influência da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, sobre o ambiente político do presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva) tem gerado debates intensos nos bastidores do governo. Entre as principais questões levantadas está a restrição de reuniões políticas na residência do casal, algo que, segundo aliados, estaria dificultando o acesso ao presidente e impactando a sua capacidade de articulação.
A primeira-dama tem sido apontada como um dos fatores que contribuem para a percepção de que Lula está cada vez mais isolado. Políticos e assessores indicam que ela teria imposto restrições ao número de encontros políticos realizados na residência, o que antes era uma prática comum do presidente.
Quando essas reuniões ocorrem, Janja supostamente faz questão de participar e expressar suas opiniões.
Lula e a falta de controle sobre Janja
Para contornar essa situação, Lula tem aproveitado as viagens oficiais da esposa para receber políticos e aliados fora do Palácio do Planalto.
Em declaração ao g1, um antigo aliado do presidente afirma que há uma falta de controle:
“É uma situação complexa, quase insolúvel. Ao mesmo tempo que ela é essa fonte de vitalidade para ele, ela tem esse perfil, que ele não dá sinais de querer controlar”.
Essa nova dinâmica reforça a tese de que a primeira-dama desempenha um papel ativo na proteção do presidente, mas também levanta questionamentos sobre os efeitos dessa estratégia na articulação política do governo.
“É como se existisse um Lula dentro de outro Lula.”
Consequências para a articulação política
Com a restrição de encontros presenciais na residência de Lula e a percepção de uma gestão mais fechada, cresce a inquietação entre os aliados.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também é citado como um dos responsáveis por esse afastamento, sendo frequentemente acusado de dificultar o acesso ao presidente.
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Essa conjuntura tem levantado dúvidas sobre a capacidade do governo de manter um diálogo eficaz com sua base política e responder aos desafios da gestão. A falta de interação direta pode impactar a construção de alianças e comprometer o apoio do Congresso em votações essenciais.
Impacto na popularidade de Lula
A recente pesquisa Datafolha, divulgada na última sexta-feira (14), revelou que a aprovação de Lula atingiu o seu pior índice desde 2003. Em apenas dois meses, a taxa caiu de 35% para 24%, enquanto a reprovação subiu de 34% para 41%. Esse declínio não se restringe apenas aos setores críticos ao governo, mas também afeta sua base histórica de apoio.
Entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos, um dos grupos mais fiéis a Lula, houve uma queda significativa na aprovação. No Nordeste, região onde tradicionalmente o presidente tem altos índices de apoio, também foi registrada uma diminuição na popularidade.
Embora diversos fatores possam estar contribuindo para essa queda, especialistas apontam que a percepção de um governo mais fechado e centralizado pode ser um dos elementos que influenciam negativamente na opinião do eleitorado.
A participação ativa da primeira-dama na dinâmica política do governo levanta debates sobre os limites do papel da primeira-dama e os impactos dessa influência na governabilidade.
Enquanto alguns defendem que sua presença fortalece Lula e garante um ambiente mais controlado, outros argumentam que isso pode estar contribuindo para um afastamento político prejudicial ao governo.
Diante desse cenário, resta saber se a estratégia atual será mantida ou se ajustes serão feitos para reaproximar Lula de seus aliados e da base de apoio, com o objetivo de melhorar sua popularidade e garantir uma gestão mais aberta ao diálogo. A influência de Janja nesse processo pode ser determinante para definir os rumos da articulação política do governo.
Fonte: g1