As maiores operadoras de óleo e gás e toda a cadeia de fornecedores e interessados na indústria têm vivido tempos nunca antes vistos na economia.
Tempos exacerbados de Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade (VUCA).
Chevron, Exxon, BP, Total, Saudi Aramco e Petrobras, para mencionar algumas das principais operadoras, anunciaram reduções de 20% a 30% nos investimentos em CAPEX a partir de 2020, resultando num grande impacto em toda cadeia de fornecedores de bens e serviços.
Adicionalmente, com barril de óleo a US$ 50, considerado ponto de equilíbrio para os produtores de shale nos EUA, estes terão que renegociar empréstimos com preços atuais abaixo de US$ 40 por barril, o que pode representar uma série de falências entre os produtores.
A indústria de óleo e gás é particularmente relevante para os países na região da América Latina, representando em 2019, segundo análise da EURASIA, como percentagem das receitas totais, 17,7% para o México, 12% para o Equador, 9,3% para a Colômbia e 7,9% para o Brasil.
No Brasil, os campos de exploração e produção em águas ultra profundas atraíram grandes investimentos recentemente.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), de 2017 a 2019, o Brasil recebeu mais do que 90% de todos bônus de assinatura no mundo, estimados em R$ 120 bilhões (cerca de US$ 30 bilhões).
Isso foi possível em função da modernização do setor, com um calendário claro de leilões de novas áreas exploratórias, fim do operador único no pré-sal, entre outras, resultando numa produção diária em torno de quatro milhões de barris de petróleo, permitindo exportações de um milhão de barris.
Como os livros de administração nos ensinam, planejar ações de curto e médio prazos para cenários diferentes, focar em proteção de Caixa, com técnicas de Orçamento Base Zero (OBZ), revisar estrutura de capital, ficar próximo aos clientes, proteger a cadeia de fornecedores ao máximo e continuar investindo em pessoal e na comunidade, estão entre as ações de curto e médio prazo.
Para o futuro, estou confiante que, apesar da dificuldade em prever o momento exato, as companhias que executaram o dever de casa de forma diligente, as que inovaram mais e continuaram focando em digitalização e automação e em novos modelos de negócios, recuperarão sua competitividade e sobreviverão.
Sobre o autor
* Manuel Fernandes é sócio da KPMG líder do setor de Energia e Recursos Naturais na América Latina.
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