*Por João Paulo Torres, sócio-diretor da TerraMagna
Setor de agronegócio já sente a pressão da crise.
O ano de 2020 não passou do primeiro semestre e já deixa impactos na economia.
A crise da pandemia do coronavírus está causando grandes prejuízos no setor econômico, na saúde, no comércio e é claro, no agronegócio.
Os danos causados na agricultura já são notáveis, e os fechamentos de comércio, empresas e eventos já preocupam os produtores e financiadores.
De acordo com um balanço divulgado pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), na última semana do mês de março, houve queda nas exportações de frutas devido ao cancelamento de grande parte dos voos internacionais, uma das principais formas de transporte da produção para o mercado externo.
Diante desse cenário, alguns produtores já começam a registrar um amargo prejuízo e dificilmente as exportações de frutas de 2020 chegarão a 980 mil toneladas, conforme aconteceu no ano passado, segundo dados da Abrafrutas.
Vou citar um pouco sobre os impactos atuais causados pelo novo coronavírus.
O fechamento de estabelecimentos comerciais, como hortifrutis e feiras livres, reduziu a procura por frutas, verduras e hortaliças.
Muitos produtores tiveram que descartar produtos por não ter a demanda costumeira para compra.
O mesmo acontece com o mercado de flores, que prevê falência de 66% dos produtores por conta de fechamento de eventos e estabelecimentos.
O que acontece é uma cadeia de impactos.
Temos a suspensão drástica de distribuição por vias aéreas, o que reduz a venda interna de produtos como frutas e legumes e tem influência da alta do dólar na compra de insumos.
Claro que todo esse processo afeta na inadimplência do mercado.
Agronegócio: produtores e financiadores vivem com incertezas
A queda de preço, os problemas com escoamento e a alta dos insumos pode reduzir a rentabilidade do produtor e ampliar o endividamento.
De acordo com os especialistas, a inadimplência pode se fortalecer a partir de maio. Ou seja, a inadimplência que já é crescente poderá se agravar daqui a cerca de um mês.
Diante desse cenário, é importante que os financiadores tenham o máximo de conhecimento sobre as lavouras e real potencial de pagamento por parte dos produtores.
Sabendo das dificuldades existentes, o credor pode chegar antes e oferecer, por exemplo, um desconto no pagamento para conseguir receber ainda no ciclo da safra.
*João Paulo é sócio-diretor da TerraMagna, Ag Tech que usa sistema de satélites e inteligência artificial para fazer a gestão de colateral agrícola e eliminar a inadimplência em operações a prazo safra.