A abertura de uma investigação pelos Estados Unidos contra o sistema de pagamentos instantâneos Pix, sob a Seção 301 da Lei de Comércio Exterior americana, provocou reações no setor financeiro e varejista brasileiro.
O processo foi iniciado após alegações de que o Pix, criado pelo Banco Central do Brasil, estaria oferecendo vantagens desleais à concorrência, afetando empresas norte-americanas como Visa, Mastercard e Meta (WhatsApp Pay).
Base jurídica e possíveis consequências
A Seção 301 permite que o governo dos EUA investigue práticas comerciais de outros países consideradas injustas ou que prejudiquem interesses comerciais norte-americanos.
Segundo as autoridades dos EUA, o Pix poderia estar restringindo o acesso de empresas estrangeiras ao mercado brasileiro de pagamentos.
A possível retaliação, que pode envolver tarifas ou barreiras comerciais, tem gerado preocupação entre representantes do setor privado.
Empresários e especialistas brasileiros defendem que o sistema representa uma Inovação tecnológica legítima e de interesse público, com impacto positivo na inclusão financeira e na redução de custos para consumidores e comerciantes.
Reação do setor empresarial brasileiro
Marcelo Silva, CEO da Aditum, afirmou que o movimento norte-americano pode ser interpretado como uma tentativa de preservar reservas de mercado consolidadas.
“O Pix quebrou barreiras importantes, gerando oportunidades e soluções que reduziram a dependência de intermediários tradicionais no setor de pagamentos”, afirmou.
Impacto no varejo e novas funcionalidades do Pix
Segundo Silva, a adoção crescente do Pix no varejo resultou em melhora de margens de lucro, ao evitar taxas cobradas por operadoras de cartões. Ele destaca ainda que os novos modelos de uso do sistema, como Pix parcelado e recorrente, devem ampliar essa tendência.
Disputa ultrapassa o campo econômico
A disputa, no entanto, pode transcender o campo econômico e alcançar o debate geopolítico. “Há uma percepção de perda de mercado por parte de empresas americanas, diante de uma inovação promovida por um órgão estatal, como o Banco Central. Isso pode levar a uma leitura política da situação, complexificando o debate”, avaliou.
Crescimento e consolidação do Pix
Para especialistas, a investigação traz à tona tensões comerciais entre inovação tecnológica e interesses corporativos globais. O Pix, lançado em 2020, se consolidou rapidamente como uma ferramenta de pagamento amplamente utilizada no Brasil, com mais de 160 milhões de usuários e mais de 150 bilhões de transações registradas até 2025, segundo dados do Banco Central.
Próximos passos
Ainda não há prazo definido para a conclusão da investigação nem detalhes sobre possíveis medidas que possam ser adotadas pelo governo norte-americano.