Sem dúvida, posso afirmar que estamos passando por um momento desafiador no setor elétrico, considerado o pior ao longo dos últimos 90 anos.
A crise atual é muito parecida com aquela ocorrida em 2001, quando toda a população foi obrigada a economizar 20% de energia. Se tínhamos um freezer e uma geladeira, por exemplo, era necessário desligar o freezer para evitar a penalidade por meio de multa no preço da energia.
Em 2001, 90% da nossa energia vinham das usinas hidrelétricas, ou seja, dependiam da água, e os demais 10% estavam divididos entre as usinas termoelétricas e outras fontes de energia.
Hoje, estamos numa situação melhor: em vez dos 90%, dependemos de 68% das usinas hidrelétricas, embora ainda seja um volume muito elevado para estarmos sujeitos a uma única fonte de energia.
Atualmente, temos fontes renováveis como eólica, que representa 10% da nossa matriz; biomassa, equivalente a 9% da nossa matriz e a energia solar, em ascensão há anos.
Apesar de estarmos numa situação mais confortável, o momento é de muita preocupação porque o atual cenário afeta muitas indústrias, que precisam diminuir a fabricação para economizar. A grande questão é: o que pode ser feito para resolver ou minimizar esse problema?
Neste momento, a resposta é simples: economizar energia.
As residências devem usar o chuveiro elétrico pelo menor tempo possível, apagar as lâmpadas ao sair dos cômodos, passar a roupa de uma só vez, evitando ligar e desligar o ferro elétrico muitas vezes, ou seja, é recomendável que todos contribuam com ações para economizar. É um momento muito crucial!
Já é possível observar o movimento das indústrias em resposta à crise. Muitas estão tentando diminuir os prejuízos, principalmente com a utilização do gerador a diesel nas horas de pico, das 17 h às 21 h.
Vale lembrar que tanto faz gastar energia ao longo do dia ou à noite; estamos gastando do mesmo modo, ou seja, consumindo água dos reservatórios. No entanto, o consumo de energia fora da hora de pico, há menos riscos de haver blecaute.
Hoje temos a bandeira vermelha, que é um meio de encarecer a energia elétrica e forçar o consumidor a economizar, isto é, para segurar um pouco o reservatório, é necessário subir a conta de energia.
Portanto, vamos tomar cuidado, vamos colaborar! Deve haver um esforço global, tanto por parte do governo quanto por parte dos consumidores para tentar evitar um colapso maior, além de torcer por grandes volumes de chuvas a partir de setembro para diminuir o déficit nos reservatórios.
Edval Delbone
Graduado em Engenharia Elétrica; Especialização em Sistema Elétrico de Potência e Qualidade de Energia; Mestre em Engenharia Elétrica; Doutor em Engenharia Elétrica. É Consultor em Projetos Elétricos de Usinas e Subestações. É Coordenador do curso de Engenharia Elétrica e Professor de Conversão de Energia, Sistemas de Potência e Laboratório de Acionamentos Elétricos no Instituto Mauá de Tecnologia – IMT.