No mês de novembro se comemorou o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, uma iniciativa das Nações Unidas em parceria com instituições globais de incentivo à criação de negócios próprios, comandados por mulheres.
A data simbólica levanta questões importantes que destacam os desafios e as conquistas femininas em seus projetos profissionais, evidenciando a luta contra a desigualdade de gênero, a sobrecarga de trabalho e até mesmo a autossabotagem.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Sebrae no início deste ano, 48% das aberturas de contas MEI foram realizadas por mulheres, cerca de 30 milhões de empreendedoras estão à frente de algum tipo de negócio e 45% delas são chefes de família.
Já no quesito competências e habilidades, as mulheres provaram ser 16% mais qualificadas do que os homens. Entretanto, o estudo mostra ainda uma disparidade acentuada sobre a faixa salarial no país, já que uma mulher fatura 42% menos do que os homens, mesmo ocupando cargos iguais.
Empreender não é uma tarefa simples e, muitas vezes, os desafios surgem ainda durante a fase de aprendizado.
Em universidades ou empresas especializadas no ramo de tecnologia, por exemplo, a presença feminina ainda aparece em menor escala, entretanto, com o passar dos anos, o processo de contribuição para o desenvolvimento tecnológico realizado por mulheres tem viabilizado um cenário que busca cada vez mais equilíbrio e representatividade.
Embora o número de empreendedoras cresça a cada ano, ainda não é comum encontrarmos muitas mulheres ocupando cargos de liderança, principalmente em empresas de inovação e tecnologia.
Muitos fatores contribuem para a falta de representatividade feminina neste mercado, como a dificuldade em serem reconhecidas como profissionais em ambientes até então majoritariamente masculinos, a diferença salarial e, principalmente, o descrédito por pontuar ideias, ou manter um posicionamento.
Além de razões relacionadas ao machismo estrutural, que insiste em perdurar por anos a fio, outro fator muito comum que impede grandes personalidades femininas de chegarem, ou manterem cargos de liderança, é a famosa síndrome da impostora, uma desordem psicológica que reforça a perda de confiança em si mesma e o sentimento de insucesso, principalmente na vida profissional.
De acordo com a pesquisa ”Acelerando o futuro das mulheres nos negócios”, produzida pela KPMG, no ano passado, cerca de 56% das executivas entrevistadas temem que as pessoas ao seu redor não acreditem que elas são capazes de desempenhar suas funções; 57% disseram reconhecer a síndrome da impostora quando assumiram um novo papel de liderança; e 47% afirmaram sofrer com a essa desordem devido ao fato de que nunca esperavam atingir determinado grau de sucesso em suas carreiras.
O estudo revelou ainda que 81% das mulheres colocam mais pressão sobre si mesmas para não fracassarem.
O empreendedorismo feminino possui grande potencial transformador em nossa sociedade, principalmente porque traz à tona debates sobre relações sociais, crescimento econômico, equidade de gênero e o destaque sobre a ascensão das mulheres no mundo dos negócios.
Ainda há muitos obstáculos a serem enfrentados, entretanto, é importante ressaltar que o empoderamento da mulher no ambiente de trabalho tem o poder de influenciar e incentivar muitas outras a fazerem o mesmo, e chegarem cada vez mais longe.
Luana Ribeiro é CEO da DevApi, startup de integração de sistemas