Na última segunda-feira (10), o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto que impõe uma taxa de importações de 25% sobre aço e alumínio. A medida entra em vigor em 12 de março e tem potencial para impactar países como Brasil, Canadá, China e México.
A ideia de Trump de priorizar a indústria norte-americana de aço e alumínio já vem de anos: durante o primeiro mandato, em 2018, chegou a decretar uma taxa de 25% sobre todas as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio, mas voltou atrás meses depois. Em 2019, o presidente dos EUA fez uma promessa de reinstaurar essas taxas, mas isso não se concretizou.
Dessa última vez, o Canadá e o México foram considerados como uma exceção. No entanto, agora a medida abrange todos os países. A justificativa do governo Trump é proteger a indústria siderúrgica e metalúrgica americana, incentivando empresas estrangeiras a deslocar sua produção para dentro dos Estados Unidos.
“Nossa nação precisa que o aço e o alumínio permaneçam na América, não em terras estrangeiras. Precisamos criar para proteger o futuro ressurgimento da manufatura e produção dos EUA, algo que não se vê há muitas décadas”, argumentou o presidente durante entrevista a jornalistas locais.
O que os EUA ganham com isso?
Com as tarifas, os produtos estrangeiros se tornam mais caros, o que pode beneficiar fabricantes americanos ao reduzir a concorrência externa. Isso pode gerar um crescimento inicial no setor siderúrgico do país.
Enquanto isso, fabricantes de automóveis, aviões, eletrônicos e até construção civil nos EUA podem ver um aumento nos custos de produção. Isso pode levar a preços mais altos para os consumidores ou à redução da competitividade das empresas americanas.
![Trump assina decreto e taxa importações de aço e alumínio em 25% 17 taxas de importações](https://revistacapitaleconomico.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Taxas-de-importacoes-1-1024x681.webp)
Em contrapartida, outros países podem responder com tarifas sobre produtos americanos, prejudicando exportações dos EUA. Durante o primeiro mandato do presidente, medidas semelhantes levaram a retaliações de parceiros como China e União Europeia.
Impacto da taxa de exportações sobre o Brasil
Com a taxação de 25%, a competitividade da indústria brasileira pode ser prejudicada, uma vez que o produto feito no Brasil se tornará mais caro para compradores norte-americanos, reduzindo a demanda.
Além disso, diante das barreiras comerciais impostas pelos americanos, grandes exportadores como a China poderiam buscar alternativas e intensificar suas vendas no mercado brasileiro, pressionando os preços e afetando a lucratividade das siderúrgicas nacionais.
Associações brasileiras se posicionam
Na última terça-feira (11), o Instituto Aço Brasil — a entidade de classe que representa as empresas brasileiras produtoras de aço — publicou um posicionamento oficial sobre essa nova taxa:
“Estados Unidos e Brasil detêm parceria comercial de longa data, que vem sendo, historicamente, favorável ao primeiro. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. O Instituto Aço Brasil e empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, disse, em nota.
Na sequência, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) também fez um pronunciamento:
“Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano”, afirmou a entidade.
“Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional”, completou.
Neste posicionamento, a ABAL ainda revelou que está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações da medida e buscar soluções para reduzir os impactos na economia nacional no curto e médio prazo.
Os próximos passos de Trump
Durante a entrevista, o presidente dos Estados Unidos também sinalizou que essa taxa de importações pode ser apenas o começo. Uma possibilidade seria impor tarifas sobre outros setores, como automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. “Este é o primeiro de muitos. E você sabe o que quero dizer com isso? Outros assuntos, tópicos, proteger nossas indústrias de aço e alumínio é essencial. Simplificando: nossas tarifas sobre aço e alumínio, para que todos possam entender exatamente o que é: 25%, sem exceções. E isso vale para todos os países, não importa de onde venha”, anunciou.
Fontes: Instituto Aço Brasil, Associação Brasileira do Alumínio (ABAL)