*Por Felipe Silveira, analista da Capital Research
“O cenário de juros baixos no Brasil leva muitos investidores a procurarem novas alternativas, o que é extremamente salutar. Porém, risco é muitas vezes associado apenas à volatilidade, o que é um grande erro. Dessa forma, no desespero de ganhar do CDI, o investidor desavisado pode cair em algumas armadilhas. Isso fica mais claro quando olhamos alguns títulos de crédito privado. E e o caso recente das debêntures da Rodovias do Tietê ilustra bem isso.
“O retorno desses títulos é relativamente estável no decorrer do tempo. Dessa forma, há a percepção de baixo risco. Mas debêntures não têm garantia do FGC, por exemplo. No caso da Rodovias do Tietê, as garantias colocadas pela companhia são de difícil execução e não ajudam muito na solução do problema. Com a concessionária em séria dificuldade financeira, sem conseguir honrar os termos da debênture, os investidores ficaram entre a cruz e a espada. O investidor, também chamado de debenturista, pode tentar vender esse título no mercado secundário, mas apenas se aceitar um desconto gigante em relação ao capital investido. Dessa forma, eles aceitam um plano de reestruturação, que pode ou não dar certo, ou tentam forçar a companhia a antecipar o pagamento. No caso da Rodovias do Tietê, não houve acordo e a companhia entrou com pedido de recuperação judicial na última semana. A questão será resolvida apenas na Justiça. Por isso, é muito importante investir em títulos de renda fixa com os mesmo cuidados que se têm ao comprar ações ou outros ativos percebidos como de maior risco”.
*Felipe Silveira é analista da Capital Research, casa da análises do grupo Red Ventures.