Estão circulando em grupos de whatsapp e e-mails dezenas de cartilhas para as pequenas e médias empresas lidarem com a crise.
As dicas são praticamente as mesmas em todas as versões: proteja o caixa, revise os custos e prepare-se para o pior.
Acredito que estes conselhos fazem todo sentido em um ambiente incerto como o que vivemos hoje. Entretanto, é preciso lembrar que existem vários tipos de empresas e que elas são impactadas de formas diferentes.
A maioria das pequenas e médias empresas brasileiras não possuem reserva de caixa para suportar mais do que um mês sem faturamento, cenário semelhante aos EUA.
Ao mesmo tempo, estas organizações empregam boa parte das pessoas no Brasil e correspondem a uma fatia muito relevante do PIB.
As startups também são impactadas de forma grave.
Além de utilizarem diversos insumos atrelados ao dólar (nuvem, outras soluções SaaS), também possuem poucas reservas para se manter sem faturamento.
Os investidores entram na mesma espiral de pânico do restante do mercado e deixam de investir durante a crise, afetando estratégias de captação.
Ao receberem a cartilha, os executivos das grandes companhias também abraçam as mesmas medidas: estabelecem uma meta de cortes e as derivam nas demais estruturas corporativas.
As equipes saem cortando indiscriminadamente.
Infelizmente, o percentual estabelecido não leva em conta o impacto do outro lado da mesa.
Enquanto a maioria das grandes corporações possui reservas e linhas de crédito para sobreviver à crise, o mesmo não acontece com os milhares de varejistas, empresas de serviço, pequenas indústrias e startups pelo Brasil.
A reação em cadeia que este tipo de decisão causa é brutal, ocasionando desemprego, quebradeira generalizada e muito mais tempo para retomarmos o crescimento do Brasil após a crise passar.
Como proteger as pequenas e médias empresas?
Gostaria de fazer um apelo aos empresários e tomadores de decisão corporativos: conversem com seus times e peçam que ajudem seus pequenos fornecedores.
Muitas vezes impactam pouquíssimo na estratégia de cortes e podem ter um significado enorme na vida de milhares de pessoas.
Entendam o lado humano da situação e não apenas a questão da eficiência.
Espero que novas versões da cartilha de como se portar em tempos de crise levem em consideração o ambiente no qual estamos inseridos, não apenas o nosso próprio umbigo.
Este não é um problema individual e sim um problema sistêmico.
As intervenções trabalhistas, as ações de crédito do BNDEs e outros bancos de fomento, além de diversas outras atividades do governo podem aliviar um pouco o problema, mas a ação consciente dos executivos de grandes corporações pode ter um impacto muito maior.
Vamos cuidar de quem faz nossa economia gerar e emprega os brasileiros.
SOBRE A ACE
Fundada em novembro de 2012, a ACE nasceu como uma aceleradora para ajudar empreendedores de alto potencial a transformarem suas startups em negócios de classe mundial.
Em oito anos de atuação, foram mais de 450 startups aceleradas, das quais 115 receberam investimento.
Com essa expertise e o pioneirismo em investimento Early Stage, tem o melhor track record do Brasil, com 16 exits, entre eles, Hiper, Decorati, Love Mondays e Grubster, além de ser parceira exclusiva no país do Google for Startups.
A ACE Segue fomentando o empreendedorismo por meio da Growthaholics for Startups, plataforma gratuita com toda a metodologia de aceleração.
Com o conhecimento adquirido junto ao ecossistema de startups, adaptou para o modelo corporativo as novas metodologias e métricas de inovação, instalando em grandes companhias a agilidade necessária para vencer no mercado.
Assim, em 2018, surgiu o braço de consultoria de inovação ACE Cortex, que executa junto à liderança e colaboradores, estratégias de inovação com resultados reais.
*Pedro Waengertner é CEO e fundador da ACE, empresa de inovação que investe em startups e desenvolve projetos de consultoria para grandes empresas.