Com inúmeros produtos de investimentos disponíveis no mercado financeiro, escolher onde investir o dinheiro pode ser uma tarefa complicada. Dentre as opções, existe uma que é comum vermos em destaque nos noticiários: as commodities.
Sua “popularidade” é justificável. Afinal, além de serem mercadorias imprescindíveis para nações em desenvolvimento, o preço das commodities afeta a economia e tem efeitos na Bolsa de Valores. Isso explica o porquê dos investidores verem valor em negociá-las.
O que são commodities?
A palavra commodities vem da língua inglesa. O singular – commodity – significa mercadoria.
No mercado o termo ganha uma funcionalidade mais específica, pois trata-se de produtos com baixo grau de transformação ou em estado bruto. Ou seja, commodities são as chamadas matérias-primas.
Para que você possa compreender bem, algumas das características das commodities incluem:
- Possuir importância mundial;
- Serem produzidas em larga escala;
- Poderem ser estocadas sem que haja perda da qualidade.
- Além destas características, outros pontos merecem atenção. São também classificadas como commodities as mercadorias básicas usadas como insumo de produção de outros produtos.
Um exemplo fácil de entender: o frango in natura é uma commodity, enquanto um produto feito a partir dele – como os nuggets – não recebe a mesma denominação.
O que faz as commodities terem importância em nível mundial é o fato de elas serem comercializadas no mundo inteiro e de possuírem características uniformes de produção (a soja cultivada e vendida como grão no Brasil é a mesma soja na China).
Além disso, por possuírem uma cotação mundial, toda vez que o preço de uma commodity oscila, o mercado financeiro global sente o impacto.
Quais são os tipos de commodities?
Para investir em commodities é preciso entender quais os tipos existentes no mercado. Podemos classificá-las em quatro grupos:
- Commodities agrícolas: como soja, milho, café, algodão, biocombustíveis, boi gordo e trigo;
- Commodities ambientais: como a água e a madeira;
- Commodities minerais: como petróleo, etanol, ouro, gás natural e minérios;
- Commodities financeiras: índices como o Ibovespa, títulos públicos do governo federal (Tesouro Direto) e moedas (Euro, Dólar etc.).
Na economia brasileira, a posição de destaque está nas commodities agrícolas. Isso não significa, contudo, que investir em commodities deste tipo (agrícolas) venha a ser sinônimo de sucesso.
Isso porque cada commodity está atrelada à lei de oferta e demanda. Explico melhor sobre isso a seguir.
Qual é o impacto das commodities no Brasil?
O Brasil tem uma história de exportação de commodities. Na época colonial, o país foi marcado por exportações de cana-de-açúcar, café, algodão e ouro.
Alguns produtos produzidos internamente são consumidos em escala mundial, como o milho, por exemplo. Se por um lado isso é um fator positivo – afinal, existe alta demanda, por outro, o Brasil está sujeito à decisão externa de preços.
Continuando com o exemplo do milho, toda vez que a demanda internacional está alta, o preço da commodity aumenta e o país consegue lucrar bastante. O inverso também existe: quanto maior for a oferta de ações de commodities, menor será o preço.
O mercado interno também é influenciado pelas commodities. Imagine que tenhamos um aumento no preço da soja no mercado internacional. A fim de lucrarem mais, produtores internos irão preferir exportar o produto a comercializarem internamente.
Nesse caso, dentro do Brasil a commodity aumenta de preço e nós, brasileiros, sentiremos essa mudança ao irmos ao supermercado.
Na Bolsa de Valores o impacto das commodities pode ser visto de duas maneiras. Na primeira, a redução da demanda mundial resulta, geralmente, na queda do preço da commodity. Já a alta na demanda global traz, normalmente, o efeito contrário: aumento no preço.
Outra importância das commodities é que, muitas vezes, elas conseguem assegurar que o Brasil receba mais dinheiro ao exportar do que a quantia gasta para importar. Isso resulta no superávit na balança comercial.
E como o que acontece no país como um todo (e no mundo) reflete no nosso dia a dia, podemos dizer que as commodities impactam também no nosso orçamento. Basta pensarmos no preço do combustível ou da energia para entendermos como o assunto está bem presente nas nossas vidas.
Como investir?
O primeiro ponto a entender é que a negociação acontece no Mercado Futuro (e as principais commodities da B3 estão disponíveis no site da Bolsa de Valores).
O Mercado Futuro é um ambiente que ajuda a proteger produtores e compradores contra as oscilações – em operações conhecidas como hedge. Em uma explicação simples, o que ele faz é bloquear a cotação das commodities para o futuro.
Na prática, significa que:
- Se no dia da liquidação da commodity o preço estiver abaixo do contratado, o vendedor é que sai ganhando, pois terá lucrado com a venda;
- Já se o preço estiver acima, quem ganha é quem comprou a commodity, isto é, o investidor.
Para saber mais sobre investimento no mercado futuro, recomendo este post bem completo: Como investir no mercado futuro?
O segundo fator a entender é que, se você pensa em investir neste ativo, deve ter uma conta em uma instituição financeira. Considerar seu perfil de investidor antes de fazer suas operações e investir em commodities também é fundamental.
Finalmente, é preciso atentar-se também aos custos destas operações – os quais, geralmente, dizem respeito à taxa de custódia e à taxa de corretagem – e às oscilações deste mercado.
Tenha sempre em mente que, para quem deseja operar este ativo, acompanhar o mercado de perto, bem como as oscilações de preço que acontecem em um curto período de tempo, pode ser um hábito necessário para o sucesso das suas operações neste ambiente.