Como parte do movimento para desenvolver novos mercados e adicionar valor à exportação do petróleo do pré-sal, a Petrobras inaugurou, no mês passado, uma tancagem de óleo cru no Porto de Qingdao, na província chinesa Shandong. A escolha do local é estratégica: a China é responsável por 75% do volume de óleo cru que a companhia exporta, dos quais 38% têm como destino refinadores independentes de Shandong e regiões adjacentes. A Petrobras busca, por meio dessa iniciativa, solidificar sua presença no promissor mercado chinês, em mais um passo na jornada para diversificação e capilarização de suas vendas de petróleo.
A disponibilidade de tancagem no porto de destino das exportações torna o produto da Petrobras mais competitivo em relação aos petróleos regionais, permitindo a flexibilização dos volumes dos lotes, dos prazos de negociação e das condições de pagamento. Ao lidar com volumes e prazos reduzidos, é possível encurtar o período necessário para negociação antecipada da carga e enfrentar menores exigências quanto ao período de validade dos instrumentos de garantia de crédito. Assim a companhia aumenta o leque de potenciais clientes. No Porto de Qingdao, a Petrobras tem quatro tanques alugados, com capacidade total de dois milhões de barris de óleo cru.
“O desenvolvimento de novos mercados para o petróleo do pré-sal é condição essencial para a Petrobras, frente a um cenário de aumento das exportações que indica volumes acima de 800 mil barris por dia para os próximos anos. O desafio é grande, sendo necessária uma permanente atuação comercial na busca de novos mercados e clientes para os petróleos da Petrobras, possibilitando adição de valor e uma efetiva monetização de nossas reservas”, disse a diretora executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Quintão Lara, na cerimônia de primeira carga nos tanques no Porto de Qingdao. No primeiro semestre de 2019, a média de exportação de óleo cru da companhia foi de 600 mil barris por dia.
Estiveram presentes no evento o gerente executivo de Marketing e Comercialização, Cláudio Rogério Linassi Mastella, autoridades do governo da Província de Shandong, líderes do porto de Qingdao e representantes de 37 refinarias independentes.
Sobre o mercado chinês
Até o final de 2014, somente as companhias estatais chinesas tinham autorização para importar petróleo. Os refinadores independentes privados, que representam cerca de 25% do parque de refino chinês e movimentam três milhões barris por dia, estavam autorizados a processar apenas petróleo doméstico. Esse grupo de refinadores independentes, composto por mais de 50 refinarias médias e pequenas, está concentrado no nordeste da China, na província de Shandong.
O cenário mudou quando aconteceu um marco na indústria de óleo e gás na China: o governo chinês deu início em 2015 a um programa para quebrar o monopólio de importação de petróleo das estatais e aumentar a competição no setor, concedendo gradualmente quotas de importação aos refinadores independentes, possibilitando que essas refinarias também tivessem acesso a óleos importados.
Essa abertura vem gerando inúmeras oportunidades comerciais para produtores como a Petrobras: atualmente 41 refinarias independentes estão autorizadas a trabalhar com petróleo estrangeiro, com uma quota total de importação de mais de 2,5 milhões de barris por dia. No esforço para ampliar a atuação em território chinês, a Petrobras consolida, desde a abertura do mercado, um portfólio de 19 refinadores independentes para venda de correntes de óleos médios, provenientes dos campos do pré-sal. Com maior competitividade neste mercado, a companhia pretende aumentar ainda mais sua base de clientes e com isso capturar o melhor valor para seus petróleos no mercado internacional.