Quase metade da região conhecida como Amazônia Legal é composta por áreas protegidas. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região possui 2,3 milhões de quilômetros quadrados (km²) sob algum tipo de proteção, o equivalente a 46,6% de sua área total.
As informações foram apresentadas durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (cop30), em Belém (PA). Ao todo, foram identificadas 1.053 áreas protegidas, divididas entre 430 unidades de conservação ambiental, 378 terras indígenas e 245 territórios quilombolas. Esse conjunto representa 27,46% de todo o território brasileiro.
Os dados consideram apenas áreas exclusivas — sobreposições entre diferentes categorias de proteção não foram contabilizadas duas vezes.
O que é a Amazônia Legal
A Amazônia Legal é uma divisão político-administrativa criada para promover o desenvolvimento socioeconômico da região amazônica. Ela abrange os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão, sob a coordenação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Apesar do nome, a área não se restringe ao bioma amazônico e inclui porções do Cerrado e do Pantanal.
Terras indígenas
De acordo com o levantamento, as 378 terras indígenas na Amazônia Legal ocupam 1,15 milhão de km² — quase a área do estado do Pará (1,24 milhão km²). Nelas vivem cerca de 428 mil pessoas, das quais 94,29% se autodeclaram indígenas. Os habitantes dessas terras correspondem a 62,09% de toda a população residente em territórios indígenas do país.
O estudo também identificou 6,8 mil localidades indígenas — agrupamentos de pelo menos 15 pessoas indígenas, estejam ou não em áreas oficialmente demarcadas. Esse total equivale a 78,82% de todas as localidades indígenas do Brasil, sendo que 78,40% delas estão dentro de terras indígenas.
Territórios quilombolas
A Amazônia Legal abriga ainda 245 territórios quilombolas oficialmente delimitados, com uma área total de 27,2 mil km² — dimensão próxima à do estado de Alagoas.
Com base no Censo 2022, o IBGE identificou 3,1 mil localidades quilombolas (com ao menos 15 moradores próximos), correspondentes a 36,82% das localidades desse tipo no país. Nesses territórios vivem cerca de 92 mil pessoas, sendo 11,49% delas não quilombolas. Os moradores dessas áreas representam 45,09% da população total residente em territórios quilombolas no Brasil.
Unidades de conservação ambiental
As 430 unidades de conservação ambiental da Amazônia Legal somam quase 1,3 milhão de km², área ligeiramente superior à do Pará. Dessas, 171 são de proteção integral — como reservas biológicas, parques e monumentos naturais — e 259 são de uso sustentável, como florestas, reservas extrativistas e áreas de proteção ambiental (APAs).
As categorias mais comuns são parques naturais (26,05%), reservas extrativistas (18,37%), APAs e florestas (ambas com 13,49%).
Cerca de 2,27 milhões de pessoas vivem em unidades de conservação ambiental na região, o que corresponde a 8,51% da população da Amazônia Legal. O Maranhão concentra o maior número de moradores nessas áreas (1,28 milhão), seguido por Pará (7,11%) e Amazonas (6,64%). Já Roraima, Rondônia e Mato Grosso têm menos de 1% de sua população residente em unidades de conservação.
Em todo o Brasil, o IBGE estima que cerca de 11,8 milhões de pessoas vivem em áreas de conservação ambiental. Na Amazônia Legal, 90,87% dos moradores dessas regiões (2,06 milhões) estão em APAs, que são áreas extensas com certo grau de ocupação humana e características ambientais ou culturais relevantes.
Essas áreas têm como objetivos principais proteger a biodiversidade, orientar a ocupação territorial e garantir o uso sustentável dos recursos naturais.
Perfil da população
Segundo o levantamento, 69,04% dos moradores de unidades de conservação na Amazônia Legal se declararam pardos, 16,60% brancos, 12,54% pretos e 2,21% indígenas. No país como um todo, esses percentuais são de 45,3% para pardos, 43,5% para brancos, 10,2% para pretos e 0,83% para indígenas.
Fonte//Agência Brasil.



















