O agronegócio é responsável pela colocação de 28,1 milhões de brasileiros no mercado de trabalho.
De acordo com o estudo “Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro”, feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a porcentagem de população ocupada (PO) corresponde a 27% do estoque de empregos do Brasil, sendo esta a maior porcentagem alcançada em um primeiro trimestre anual desde o início da pesquisa, em 2012.
O boletim, que aborda a soma dos quatros segmentos do setor (insumos, produção primária, agroindústria e agrosserviços), apontou que o crescimento da população ocupada foi de 0,9% (cerca de 237 mil pessoas) quando comparado ao primeiro trimestre de 2022.
Esse aumento se deve a conjuntura atual vivida pelo agronegócio brasileiro que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 21,6% no primeiro trimestre de 2023, a maior alta desde o quarto trimestre de 1996.
De acordo com Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, uma das maiores indústrias de fertilizantes do país, “a área de produção brasileira vem crescendo ao longo dos anos. Internamente, os Estados vêm protagonizando suas especialidades e técnicas, gerando resultados que impactam de forma positiva na economia brasileira”.
Esse crescimento se deve também ao excelente desempenho da produção agrícola na safra 2022/2023, principalmente para os produtores de grãos que devem colher cerca de 315,8 milhões de toneladas.
“Se mantivermos o ritmo de investimentos, aprimoramento de técnicas agrícolas e desenvolvimento tecnológico, novos recordes serão batidos e mais oportunidades dentro do setor surgirão”, explica Sodré.
Com o aumento da população ocupada, o salário médio no agronegócio também registrou um aumento de 5,9%, porcentagem pouco acima da média nacional (5,4%).
Tais valores indicam nova mudança dentro mercado brasileiro, com pessoas procurando mais empregos dentro do setor.
Um forte indicador dessa mudança foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelou que regiões produtoras tiveram aumento populacional maior do que a média nacional.
A região Centro-Oeste é exemplo dessa ascensão ao ter, entre dezembro de 2019 e março de 2023, 6,8% de taxa de crescimento populacional – quase três vezes maior do que os 2,4% da média nacional.
O fato de o Centro-Oeste possuir 16 das 20 cidades mais ricas do país – estando elas divididas entre os estados de Mato Grosso (10), Mato Grosso do Sul (3) e Goiás (3) – torna ainda mais compreensível a expansão do processo migratório na região.
De acordo com um levantamento realizado pela LCA Consultoria, feito através dos dados disponibilizados pela Pnad, cerca de 8,4 milhões de pessoas habitavam a região no fim do primeiro trimestre de 2023.
A Pnad ainda revelou que a taxa de desemprego da região Centro-Oeste foi de 7%, enquanto a média nacional de desemprego foi de 8,8% no primeiro trimestre de 2023.
“Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo e isso se deve ao grande trabalho desenvolvido por todos esses profissionais que, além de ajudarem a alimentar a população brasileira, impulsionam a riqueza do país “, diz Sodré.
Esse aquecimento da economia local faz com que a oferta pela mão de obra também aumente, sendo o setor de serviços o mais beneficiado.
Diante da expansão do agronegócio, a procura por serviços de transporte (armazenagem, comércio, financeiros, contábeis, jurídicos, de comunicação, entre outros) também cresce.
Essas mudanças podem ser vistas no perfil da mão de obra do agronegócio quando comparada com outros trimestres.
Segundo o boletim “Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro”, houve um aumento de formalização no setor: a maior geração de empregos com carteiras assinadas em todos os segmentos do setor.
Na mesma análise se verifica também o aumento do nível de escolaridade da população ocupada, principalmente no setor de agrosserviços, um crescimento até então nunca alcançado.
Entre os trabalhadores com ensino médio, aumento de 450 mil pessoas (4,4%); com ensino superior, 157 mil pessoas (3,9%).
Por fim, a presença feminina no setor também cresceu. Entre os primeiros trimestres de 2022 e 2023, a população ocupada aumentou 1,3%, com cerca de 140 mil mulheres atuando no agronegócio.
Já a população ocupada masculina aumentou 0,6%, o equivalente a 97 mil trabalhadores.