O agronegócio engloba toda a cadeia produtiva dos bens e serviços de uma economia. Desde o preparo de insumos até a comercialização: é todo o conjunto de negócios envolvidos com a pecuária e agricultura, no ponto de vista econômico.
Nesta área se utilizam os termos “antes da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira” para explicar melhor o conceito: o primeiro faz referência aos insumos (sementes, máquinas agrícolas, serviços financeiros, ensino e pesquisa, tecnologia, telecomunicações), o segundo à produção propriamente dita e o último, tudo que seja direcionado para o consumo final (armazenagem, distribuição, logística, agroindústria, comércio varejista, a publicidade e propaganda, e mais uma vez, serviços financeiros, ensino e pesquisa, tecnologia, telecomunicações).
Este setor, segundo a metodologia utilizada pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) para cálculo do PIB do Agronegócio representou 21% do PIB brasileiro, em 2019, e cresceu 3,8% em comparação com o ano anterior, sendo de extrema importância para a economia do país. O ramo pecuário se sobressaiu comparado ao ramo agrícola, onde o primeiro manifestou um crescimento de 23,71%, em destaque estão os setores indústria e serviços, enquanto o segundo teve uma queda de 3,46%.
Quanto às vendas externas, o agronegócio chegou à marca de 96,8 bilhões de dólares (-4,3%, comparado a 2018), segundo o Ministério da Agricultura.
Para ter uma noção da importância do setor na economia brasileira, a exportação representa 43,2% do total de todo o país.
Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), os cinco principais grupos foram: complexo soja (US$ 32,63 bilhões), carnes (US$ 16,52 bilhões), produtos florestais (US$12,90 bilhões) grupo de cereais farinhas e preparações (US$ 8,13 bilhões) e o complexo sucroalcooleiro (US$ 6,26 bilhões). Cereais, farinhas e preparações (73,5%) e fibras e produtos têxteis (44,7%) foram os que mais aumentaram, em relação a 2018, enquanto os que mais decaíram foram animais vivos (-26,4%) e produtos apícolas (-25,9%).
Para se ter uma ideia de como este setor vem se aprimorando ao longo dos últimos anos, em um levantamento realizado pelo NECON FECAP com as empresas de capital aberto, a partir de amostra do Valor PRO, é possível observar um aumento de 61% no número de empresas com capital aberto pertencentes ao agronegócio, no período de 2009 a 2019.
Entre as de mercado fechado, o setor da indústria cresceu significativamente, se destacando a indústria de alimentos e produção de insumos agropecuários. A agropecuária também teve um aumento relevante de acordo com a média de receitas brutas: de R$ 2,85 bilhões, em 2018, para R$ 3,04 bilhões, em 2019.
O mundo inteiro passa por uma grande retração devido ao COVID-19 e o ramo do agronegócio tem sentido seus impactos também.
Algumas atividades, como aplicativos de entrega, supermercados e relacionados à infraestrutura do home office estão se beneficiando com a pandemia.
Entretanto, existem setores prejudicados como pequenos negócios (com baixo fluxo de caixa nesse período), empresas de aviação e de turismo.
De acordo com o estudo feito pelo governo federal “Impactos do Novo Coronavírus (Covid-19) no Agronegócio Brasileiro”, existem seis principais preocupações relacionadas à atual situação pandêmica:
1. Impacto em preços e mercados;
2. Lentidão e escassez nas cadeias de suprimentos;
3. Saúde dos produtores e de suas famílias;
4. Eventuais baixas na força de trabalho;
5. Segurança para os trabalhadores e falta de equipamento de proteção individual;
6. Outras interrupções e outros desafios que moradores de áreas rurais podem vir a enfrentar.
Feiras agropecuárias e feiras dos setores de flores e plantas ornamentais foram suspensas, mantendo as mercadorias dentro das fazendas.
O Governo do Estado de Santa Catarina, por exemplo, contornou a situação liberando leilões de gado online. Entre outros produtos em queda, o algodão, a uva e a batata apresentam retração nas lavouras comparados ao mesmo período do ano passado.
Por outro lado, o setor de grãos está sendo beneficiado com a alta do dólar (em 2020, a alta acumulada chegou a 39%), pois empresas chinesas são recomendadas a estocar esses produtos.
É possível que possa ser prejudicado posteriormente pelo crescimento exponencial da doença no Brasil. Já os insumos agropecuários possivelmente causarão impactos negativos no custo de produção, de acordo com FAEP (Federação da Agricultura do Paraná).
As exportações aumentaram em 0,7% comparando o período entre fevereiro e abril de 2019 e 2020.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o agronegócio está apresentando os melhores resultados no Brasil. União Europeia, China e Estados Unidos mantiveram sua participação na aquisição da exportação brasileira neste seguimento, com 17%, 34% e 7%, respectivamente.
Conforme dados do IBGE, o PIB brasileiro teve uma retração de 1,5% no primeiro trimestre de 2020, porém a agropecuária cresceu em 0,6 (somando 119,7 bilhões de reais) em relação ao trimestre imediatamente anterior. Comparado ao mesmo período de 2019, registrou crescimento de 1,9%, principalmente pelo bom desempenho de produtos como a soja.
Presenciamos desta forma um setor muito relevante e em expansão na economia brasileira, que tem conseguido dar continuidade a suas operações de maneira exemplar, não permitindo que uma crise de abastecimento intensifique os danos já causados por esta pandemia.
Bianca Gardino (membro do NECON FECAP) e Nadja Heiderich (Professora e coordenadora do NECON FECAP)
Sobre a FECAP
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Em âmbito nacional, considerando todos os tipos de Instituição de Ensino Superior do País, está entre as 5,7% IES cadastradas no MEC com nota máxima.