A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, corroborou a expectativa do mercado de novos ajustes na taxa básica de juros para as próximas reuniões.
No encontro da semana passada, a autoridade monetária elevou a Selic em 1,50 ponto porcentual, para 10,75%, voltado a taxa para dois dígitos depois de cinco anos oscilando em apenas um dígito.
No documento, o Comitê sinalizou que os novos ajustes deverão ter uma magnitude inferior dos que os últimos apertos de 1,5 ponto percentual.
No entanto, o colegiado do BC optou em não sinalizar a magnitude destes próximos ajustes, o que pode trazer incertezas ao mercado. De maneira geral, o mercado estima que o ciclo de alta dos juros se encerre na casa dos 12%.
No que tange os riscos, o Copom voltou a sinalizar a preocupação com o risco do arcabouço fiscal do país. No âmbito externo também foi ressaltado o ambiente menos favorável nos Estados Unidos, onde a persistência inflacionária sugere um aperto monetário mais rápido no país, tornando as condições mais desafiadoras para as economias emergentes – com o Brasil.
Importante salientar, por fim, que existe um lag no que diz respeito ao efeito dos juros na economia. Em média, as decisões do Comitê levam cerca de 6 a 9 meses para afetarem diretamente o desempenho da atividade econômica, ou seja, a o BC só terá certeza de que o aumento foi o suficiente para trazer a inflação para a meta deste ano, lá na frente..
“A ata parece reconhecer que é preciso ter cuidado para não matar o paciente; como diz o ditado: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”.
remedio-e-o-venenoAfinal, o risco neste momento pode, eventualmente ser outro: exagerar na subida dos juros de forma desnecessária prejudicando a retomada da economia pós-Covid”, avalia FERNANDO DAL-RI MURCIA, Professor e diretor de Pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de São Paulo – FEA/USP.