Maior produtor de café do mundo, o Brasil está assumindo o protagonismo na elaboração de políticas públicas em defesa dos interesses do produtor. Liderando esses esforços, o deputado federal por Minas Gerais, Domingos Sávio (PSDB), propôs, esta semana, em Brasília, a criação da Associação Mundial dos Produtores de Café, englobando os principais países exportadores do grão.
A iniciativa representa uma esperança e também um estímulo para quem está à frente da colheita. “Hoje vivemos uma realidade cruel em que os produtores estão sendo levados, ano após ano, a um empobrecimento e consequente desânimo, com muitos sendo obrigados a abandonar esta atividade tão importante para nossa economia”, destacou o parlamentar.
Domingos Sávio defende que a criação da associação cafeeira será um instrumento para promover o interesse de toda a cadeia produtiva do café, com foco em aumentar o poder de negociação do produto e diminuir a pressão externa, que reduz o preço da saca no mercado internacional.
“Embora o Brasil seja o maior produtor de café, não temos sido capazes de exercer uma liderança mundial no mercado, que acaba sendo comandado pelos países compradores e, em alguns momentos, por interesses de grupos econômicos da cadeia produtiva em detrimento dos produtores”, defendeu o deputado.
Audiência Pública reúne lideranças em defesa do produtor
A criação da Associação Mundial dos Países Produtores de Café reuniu, em Brasília, deputados federais, lideranças do governo e representantes de associações de defesa do produtor. Esta semana, a pedido de Domingos Sávio, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural – CAPADR, da Câmara, realizou audiência pública para dar voz a quem é favor da medida e ouvir os contrapontos.
O deputado federal Evair de Melo (PP/ES), presidente da CAPADR, defendeu a organização dos produtores em torno da Associação. “Hoje, estamos aqui para ouvir e propor mais diálogo entre os países produtores. Todo esforço no sentido de encontrar uma remuneração melhor e mais justa ao produtor é bem-vinda”, afirmou.
A proposta de criação da Associação também contou com a representatividade do Ministério da Agricultura – MAPA, Associação dos Cafeicultores do Brasil, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, Confederação Agrícola e Pecuária do Brasil (CNA).
Para Domingos Sávio, a união de forças embala a proposta de implementar uma nova política no setor. “A audiência pública nos revelou que precisamos defender a organização dos países produtores de café, de maneira que a liderança seja exercida pelos produtores, base de toda a cadeia produtiva”, resumiu o deputado, que justificou.
“Eu defendo isso porque o que vemos hoje é a defesa dos interesses de especuladores. Cai o preço do café, motivado por especulações tendenciosas do mercado externo, e quem perde são as pessoas que estão no plantio, na colheita e no cultivo. O mercado precisa respeitar quem, de fato, leva o café à mesa do consumidor”, completou Domingos Sávio.
Fortalecimento da cadeia produtiva
O alinhamento dos produtores com a indústria também está dentro da proposta da Associação Mundial. O objetivo, segundo Domingos Sávio, é criar uma organização para promover o preço fixo do café, não permitindo a imposição de preços por parte do mercado internacional. “O Brasil tem condições de pautar o preço do café. Precisamos de coragem e patriotismo para não deixar os grandes mercados, exportadores e bolsas de valores decidirem quanto vale o nosso produto. É neste sentido que precisamos nos organizar, para falar como queremos vender e por qual preço é justo vender”, explicou.
O Governo também é importante parceiro da Associação. Pois, é através de políticas reguladoras que a União terá condições para planejar o estoque regulador, o plantio e a safra.
Propostas objetivas
A audiência pública, em Brasília, foi encerrada com uma agenda positiva para a Associação Mundial de Países Produtores de Café. Domingos Sávio informou os próximos passos que a Comissão da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da Câmara, vai dar em direção à consolidação da proposta. A primeira delas é estender o debate ao âmbito da Frente Parlamentar do Café, incluindo-a no processo de elaboração.
1) Reunião na Confederação Agrícola e Pecuária do Brasil – CNA.
Objetivo: fortalecer a Associação para que ela nasça com apoio dos órgãos reguladores, porém independente.
2) Reunião junto a Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB
Objetivo: união com todas as cooperativas de café para o alinhamento de estratégias.
3) Reunião no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA
Objetivo: reforçar o apoio, incentivo e reconhecimento do governo brasileiro em relação à Associação
3) União dos 12 embaixadores de países produtores de café
Objetivo: unificar a missão da Associação e construir uma proposta madura, com regras de relação respeitosa com a indústria e os exportadores, além de parceria estreita com os governos para garantir o preço justo do produtor.