A projeção para o crescimento real do saldo total de crédito no Brasil em 2025 foi mantida em 3,8%, sendo 3,2% para pessoas jurídicas (PJ) e 4,9% para pessoas físicas (PF). Apesar disso, a análise das concessões indica uma acomodação da atividade econômica, influenciada por fatores regulatórios e fiscais.
Consignado privado impulsiona concessões para pessoas físicas
No segmento de pessoas físicas, as concessões de crédito livre cresceram 6,1% ao ano em outubro. Esse avanço, porém, foi fortemente impactado pela mudança nas regras do crédito consignado para trabalhadores do setor privado, que registrou alta de 257% ao ano. O volume médio passou de cerca de R$ 1,6 bilhão para mais de R$ 6 bilhões mensais.
Isenção do IR deve apoiar demanda por crédito em 2026
Para os próximos meses, a dinâmica do crédito para famílias tende a ser influenciada pelo choque positivo de renda previsto com a isenção do IRPF a partir de janeiro de 2026. Dados do Banco Central indicam que famílias com renda entre dois e cinco salários mínimos destinam a maior parte do crédito às seguintes modalidades:
- Crédito habitacional — 26%
- Crédito consignado — 24%
- Cartão de crédito — 19%
A expectativa é de que o consignado ganhe destaque dentro desse movimento.
Crédito direcionado reduz impacto da política monetária sobre empresas
Para pessoas jurídicas, os efeitos da política monetária são parcialmente compensados pelo crédito direcionado, cujo saldo cresceu 12,2% ao ano. O avanço foi impulsionado principalmente por:
- Crédito rural — +23,5%
- Crédito imobiliário — +21,8%
Já no crédito com recursos livres, o cenário permanece mais restritivo. As concessões de desconto de duplicatas caíram 19,6% ao ano, indicando que as empresas têm evitado antecipar recebíveis devido ao custo elevado.
Inadimplência no crédito rural atinge recorde
Do ponto de vista de risco, cresce a preocupação com o crédito rural contratado a taxas de mercado, cuja inadimplência atingiu 11,4%, o maior nível da série. O indicador reflete as dificuldades de rentabilidade enfrentadas pelo setor agrícola.
Consumo das famílias pode sustentar parte da expansão
Para o início de 2026, a expectativa é de que o consumo das famílias, impulsionado pela isenção do IRPF, contribua para sustentar o mercado de crédito, compensando parcialmente o ambiente de condições financeiras mais apertadas.





















