A edição de setembro da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) registrou novos recordes negativos.
Segundo o levantamento, 13% das famílias brasileiras afirmam não ter condições de pagar suas dívidas, o maior índice desde o início da série histórica, em 2010. A taxa de inadimplência também subiu para 30,5%, evidenciando um cenário de crescente fragilidade financeira.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, os dados acendem um sinal de alerta. “Esses números, combinados à menor projeção de crescimento das vendas para datas importantes do varejo, como o Dia das Crianças, justificam a preocupação com as famílias inadimplentes e com as altas taxas de juros praticadas ao longo de 2025 no Brasil”, afirmou.
Endividamento atinge 79,2% das famílias
Pela primeira vez desde outubro de 2022, o percentual geral de famílias endividadas atingiu 79,2%. O estudo mostra ainda que 18,8% dos consumidores têm mais da metade da renda comprometida com dívidas. Entre os inadimplentes, 48,7% estão com pagamentos em atraso há mais de 90 dias, revelando o agravamento dos prazos e os impactos dos juros sobre os débitos acumulados.
Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o cenário indica uma desaceleração na capacidade de consumo das famílias. “Mesmo que o endividamento possa, em alguns momentos, impulsionar as vendas no comércio, o avanço da inadimplência mostra que esse movimento começa a perder fôlego”, analisa.
Famílias de baixa renda são as mais afetadas
A análise por faixa de renda confirma a maior concentração de endividados entre famílias com até três salários mínimos. O índice subiu de 81,1% em agosto para 82% em setembro.
Entre famílias com renda superior a dez salários mínimos, a inadimplência também aumentou — de 68,7% para 69,5% —, embora permaneçam como o grupo menos endividado.
Perspectivas para o fim de 2025
De acordo com projeções da CNC, o quadro de endividamento prolongado tende a se manter crítico até o fim de 2025, impulsionado pelo ambiente de juros elevados e restrição ao crédito.
A entidade prevê aumento de 3,3 pontos percentuais na taxa de famílias endividadas e de 1,7 ponto percentual na inadimplência em relação aos números registrados no encerramento de 2024.