O Brasil possui atualmente mais de 21 milhões de empresas ativas, segundo dados do Ministério da Fazenda. Apesar do número expressivo, apenas uma parcela reduzida dessas organizações adota o equity — participação societária — como estratégia central de crescimento, optando, em sua maioria, por resultados imediatos.
Para Marcus Varandas, fundador do EquityClub e investidor com atuação internacional, essa visão de curto prazo pode limitar o potencial de valorização e a longevidade das companhias.
“Lucro é consequência. O equity é construção de valor — é o que atrai capital, abre portas no mercado e perpetua o legado de um negócio”, afirma o especialista.
Participação societária como pilar de valorização
O equity representa o valor acumulado de uma empresa e o quanto ela se torna atrativa para investidores e parceiros estratégicos. De acordo com Varandas, a estruturação societária desde o início da operação é um dos principais diferenciais das empresas que conseguem captar recursos e crescer de forma sustentável.
“Startups e grandes companhias que não conseguem atrair investimento geralmente enfrentam falhas de estruturação societária. Pensar em participação acionária desde o começo é fundamental”, observa.
Além do lucro: governança e escalabilidade
A lógica do equity vai além da contabilidade. Ela se traduz em práticas de governança corporativa, diversificação e clareza sobre valuation — o valor real de mercado de uma empresa.
“Negócios focados apenas em lucro mensal podem sobreviver, mas dificilmente constroem riqueza de longo prazo. O equity é o que dá base para fusões, aquisições e investimentos estratégicos”, explica Varandas, também líder do Grupo MVX e sócio da Hofa Capital, boutique de M&A.
Casos de sucesso no setor de Tecnologia
Empresas de tecnologia que priorizaram o equity conseguiram multiplicar seus valuations mesmo sem lucros imediatos, segundo o especialista.
Essa estratégia se mostrou eficaz especialmente durante períodos de crise, quando a estrutura societária sólida e a confiança de investidores se tornaram fatores decisivos para a continuidade dos negócios.
“O empresário que aprende a olhar para equity cria ativos de valor permanente, capazes de resistir a crises e atrair sócios estratégicos. É isso que diferencia quem apenas administra caixa de quem constrói patrimônio”, ressalta Varandas.
Caminho acessível a empresas de todos os portes
O conceito, segundo o investidor, não se restringe a startups ou investidores institucionais. Pode ser adotado também por pequenas, médias e grandes empresas que buscam se posicionar de forma sólida em um mercado cada vez mais competitivo.
Varandas elenca cinco práticas essenciais para aplicar a lógica do equity:
- Estruturar a sociedade de forma clara – definir participações societárias desde o início para evitar conflitos e garantir segurança jurídica.
- Investir em governança real – adotar práticas de transparência, compliance e controle interno.
- Focar em métricas de valor – priorizar indicadores que reflitam criação de valor, e não apenas resultados mensais.
- Planejar a captação de recursos – preparar a estrutura jurídica e financeira para oportunidades de investimento.
- Construir patrimônio e legado – encarar o equity como instrumento de transformação do negócio em um ativo duradouro.
Mentalidade de dono e legado empresarial
Para o especialista, a essência do equity está em preparar a empresa para atravessar gerações.
“Quando o empresário entende que patrimônio e legado são tão importantes quanto faturamento, ele começa a estruturar negócios que resistem ao tempo. O equity não é apenas uma fórmula financeira, mas uma mentalidade de dono que garante perenidade, atratividade e impacto real no mercado”, conclui Varandas.