A tensão cresce na Venezuela diante da percepção, entre altos funcionários do governo chavista, de que os Estados Unidos estariam se preparando para uma invasão militar. Segundo reportagem publicada pelo jornal espanhol El País, líderes próximos a Nicolás Maduro passaram da descrença inicial à surpresa, da surpresa à indignação, e desta ao temor de uma agressão armada iminente.
Um alto funcionário do círculo presidencial resumiu o sentimento: “Tudo o que resta é que eles atirem nos prédios em que estamos sentados”.
Preparação militar e discurso de resistência
Maduro anunciou a “Operação Independência 200”, convocando civis, policiais e militares para treinamento conjunto. O presidente pediu que a população se alistasse em quartéis para receber instrução e praticar tiro, defendendo uma fusão popular-militar-policial contra qualquer eventual ataque.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou em Fuerte Tiuna — principal complexo militar do país — que as Forças Armadas estão em “máxima prontidão”:
“Estamos dispostos a dar nossas vidas, e não estou exagerando. Não falo apenas pelas Forças Armadas, mas por todo o povo venezuelano”.
Discursos de Cabello e do círculo chavista
Diosdado Cabello, considerado o número dois do regime, reforçou a lealdade ao projeto bolivariano e apareceu em atos públicos com o lema “Duvidar é traição”. O dirigente também acusou os EUA de responsabilidade pela morte de 11 pessoas em um barco que, segundo Caracas, teria sido alvo de um míssil da Marinha americana.
“Hoje, a opinião pública mundial desperta e as perguntas começam: Por que foram assassinados? Qual é o objetivo dos Estados Unidos?”, disse Cabello.
O núcleo de poder chavista
O comando político se mantém concentrado também nos irmãos Rodríguez — Delcy e Jorge — que atuam mobilizando milicianos e defendendo uma resposta armada à ameaça externa.
Enquanto isso, relatos indicam que padres percorrem unidades militares para abençoar tanques e soldados, num cenário que mistura fé e mobilização bélica.
Ameaça à sobrevivência do regime
Para Maduro e seus aliados mais próximos, a crise representa o maior risco à sobrevivência do chavismo desde a morte de Hugo Chávez. El País descreve um governo que, embora busque demonstrar confiança em público, conduz investigações internas para garantir a lealdade das tropas e teme fissuras que possam enfraquecer sua resistência.
“O povo tem quem o defenda!”, gritou Maduro em um de seus últimos discursos, dirigindo-se às tropas em Caracas.
O perigo, segundo fontes venezuelanas, vem do mar — onde a presença de uma frota norte-americana nas águas próximas à Venezuela é vista como o prenúncio de uma ofensiva militar.
Trabalhadores da YVKE Mundial declaram apoio a Nicolás Maduro e rejeitam ingerência dos EUA
O Ministério do Poder Popular para Comunicação e Informação divulgou no mês passado a “Declaração dos Trabalhadores da YVKE Mundial em Apoio ao Presidente Nicolás Maduro”, na qual jornalistas e funcionários da emissora estatal expressam solidariedade ao chefe de Estado e condenam o que chamam de “ameaças e ataques do governo dos Estados Unidos e de seus aliados imperiais”.
No texto, a YVKE Mundial se define como um meio de comunicação comprometido com “a verdade e a soberania nacional” e afirma que as ações de Washington buscam desestabilizar o país:
“Rejeitamos categoricamente a ingerência do império estadunidense, que insiste em ameaçar a paz, a estabilidade e a autodeterminação do povo venezuelano. Essas ações, baseadas em mentiras e pretensões hegemônicas, buscam minar as conquistas da Revolução Bolivariana, conquistadas com a força do povo organizado.”
A declaração reforça apoio a Maduro como “líder legítimo da Venezuela” e endossa as decisões do governo venezuelano em defesa da soberania, identidade nacional e direito de autodeterminação.
Os trabalhadores também evocaram o legado de Hugo Chávez, reafirmando sua postura anti-imperialista:
“Os trabalhadores da YVKE Mundial, fiéis aos princípios anti-imperialistas do nosso Comandante Hugo Chávez, permanecem em luta ao lado do povo, das instituições e das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, defendendo a paz e a independência da Venezuela.”
O comunicado termina com palavras de ordem:
“Não permitiremos que o imperialismo manche nossa dignidade! Viva a Venezuela soberana! Viva o Presidente Nicolás Maduro! Chávez Vive, a Luta Continua!”
– Com informações do El País – edição de 14 de setembro de 2025 e Ministério do Poder Popular para Comunicação e Informação da Venezuela – 14 de agosto de 2025