O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (4) que pretende colocar o Pix e as reservas brasileiras de terras raras no centro das negociações comerciais com os Estados Unidos.
A estratégia busca reverter tarifas impostas a produtos nacionais e atrair investimentos em setores como Tecnologia e transição energética.
Em entrevista à rádio BandNews, Haddad defendeu a ampliação do comércio bilateral com a maior economia do mundo, ressaltando a necessidade de preservar a soberania econômica brasileira.
“Queremos parcerias com todo o planeta, mas não na condição de satélite ou colônia. O Brasil é grande demais para isso”, disse.
Minerais estratégicos e política industrial
Entre os pontos destacados pelo ministro estão as chamadas terras raras e minerais críticos — como nióbio, lítio, titânio e tântalo —, insumos essenciais para a produção de baterias e tecnologias limpas.
Haddad sugeriu que o Estado brasileiro possa adquirir parte desses recursos que deixarem de ser exportados, destinando-os a políticas públicas e programas sociais.
Pix como vitrine tecnológica
Haddad também apontou o Pix como exemplo de tecnologia nacional com potencial de interesse internacional. Segundo ele, o sistema de pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central, já é considerado por economistas, incluindo vencedores do Prêmio Nobel, como uma referência para o futuro das moedas digitais.
Para Luiz Guardieiro, diretor de receita da Portão 3 (P3), incluir o Pix na pauta diplomática reforça o reconhecimento internacional do sistema.
“O Pix se tornou um case global de inovação em pagamentos, com adesão quase universal no Brasil e crescente interesse no exterior. Levá-lo à mesa de negociações significa exportar um modelo de eficiência, inclusão financeira e infraestrutura digital”, avaliou.
Relação comercial e próximos passos
Haddad lembrou que a participação dos EUA nas exportações brasileiras caiu pela metade desde 2002, mas defendeu que o país mantenha e amplie as oportunidades com o mercado norte-americano.
Ele também pediu que governadores apresentem propostas para os setores mais afetados pelas tarifas, abrindo espaço para parcerias e apoio federal.
A expectativa é que as negociações avancem para além da questão tarifária, com cooperação em áreas estratégicas, segurança digital e regulação de grandes empresas de tecnologia. Para o ministro, a despolitização do debate comercial é fundamental para alcançar acordos com benefícios mútuos.