O Brasil vive um momento de turbulência econômica, evidenciado pela recente disparada do dólar, que fechou a R$ 6,09 à vista atingiu novo recorde ontem (16). A alta da moeda norte-americana reflete a insegurança dominante no mercado financeiro diante das incertezas fiscais e do cenário econômico global desafiador.
Os leilões realizados pelo Banco Central têm se mostrado insuficientes para conter a alta da moeda. O organismo financeiro, em uma tentativa de aliviar a pressão sobre o câmbio, insuflou recursos ao mercado, mas a confiança permanece fragilizada, dificultando a recuperação.
Para especialistas, o cenário exige atenção redobrada de instituições, investidores e cidadãos em geral, já que a contínua valorização do dólar pode acarretar aumento nos preços de produtos importados e impactar diretamente a inflação.
De acordo com Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, diversos fatores contribuem para essa situação alarmante. “A insegurança é acentuada pela tramitação do pacote de corte de gastos no Congresso, cujas projeções de inflação se mostram cada vez mais pessimistas”, afirma Gusmão. A expectativa de atrasos ou incertezas nas votações tem gerado apreensão entre investidores, impactando diretamente na cotação do dólar.
Além disso, o panorama internacional também joga seu papel nessa oscilação. “O mercado aguarda ansiosamente por decisões do Federal Reserve, que podem influenciar as taxas de juros nos Estados Unidos, e isso reverbera em diversas economias, incluindo a brasileira”, comenta o diretor. Esta interconexão entre políticas econômicas e suas repercussões globais elevam o nível de cautela entre os agentes econômicos.
Esta é a última semana antes do recesso, com prazo até sexta-feira (20) para uma definição. No entanto, mesmo que o pacote seja aprovado, não há garantia de que os cortes terão impacto suficiente para restaurar a credibilidade fiscal do Brasil. O Boletim Focus, divulgado ontem, projetou Selic mais alta para 2025 e 2026, além de uma piora nas expectativas de inflação.
Externamente, as vendas no varejo chinês vieram abaixo das projeções, reforçando a pressão por novos estímulos econômicos. A situação é agravada pelas tensões comerciais com os EUA sob o novo governo Trump. O mercado aguarda ainda a decisão de juros nos EUA, prevista para amanhã, com expectativa de um corte de 0,25%. O foco estará no pronunciamento do Fed e suas projeções para os próximos meses.
Hoje, o mercado acompanha a ata do Copom, referente à decisão de aumento de 1 ponto percentual na taxa de juros, que subiu para 12,25%. A ata deve confirmar a perspectiva de mais dois aumentos consecutivos de mesma magnitude, e o impacto dessa sinalização no câmbio será observado, embora boa parte já pareça precificada.