O capítulo desta semana da Websérie Óleo e Gás, promovida pela Firjan, abordou a situação atual do mercado de gás natural e as oportunidades que se configuram para a retomada econômica do país após a crise da Covid-19.
A transmissão on-line ocorreu em 19/5 e foi mediada por Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da federação.
De acordo com Paulo Pedrosa, coordenador geral do Fórum do Gás, se houver um ambiente regulatório adequado, o gás natural será um elemento importante para se ter um Brasil competitivo e inovador.
“Podemos deixar de ser um país importador. O gás deve parar de competir com o óleo e se tornar, assim, um combustível mais competitivo. Com isso, vamos desenvolver a industrialização do país e dinamizar a economia. O Rio de Janeiro, que apresentou um projeto de regulação para um novo mercado de gás, tem posição de benchmarking e liderança nesse cenário”, destacou Pedrosa, que ainda comentou sobre a certificação do biogás, que está entrelaçada à qualidade do combustível: “É um modelo interessante, que conseguiu pegar uma política pública de meio ambiente conduzida por um mecanismo de mercado. Isso faz com que a produção seja de excelência”.
O biogás, segundo Gabriel Kropsch, vice-presidente da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), não tem o gás natural como concorrente e sim o diesel, que tem uma produção de 140 milhões de metros cúbicos. Isso porque o biogás tem grande potencial de mercado para o uso veicular, inclusive no transporte pesado para caminhões e ônibus, como também para toda a cadeia do plástico.
“É um segmento extremamente relevante para entrada do gás na matriz, que trará economia, competitividade e sustentabilidade por causa da pegada de carbono (ciclo zero). O Rio de Janeiro é um estado que já opera em fase comercial. Além disso, o biogás é um produto nacional, sem estar vinculado à taxa câmbio, não tem sazonalidade, podendo ter precificação fixa por um longo período, apenas com reajuste pelo índice de inflação”, disse Kropsch.
Gás natural: estratégico para o país
Celso Mattos, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Rio de Janeiro (Sindirepa-RJ), ressaltou a importância do GNV, que, segundo ele, abre frentes para o restante do gás.
“Há diversificação do próprio GNV para o uso em veículos pesados. O gás natural é uma mola propulsora para a retomada da economia brasileira. No novo mercado do gás, temos que tomar cuidado com a criação de pequenos monopólios, na questão do preço, que deve ter o mesmo tratamento para todas as indústrias e atingir um grau de maturidade para o consumidor final. Acredito que o estímulo para consumo do GNV tem que sair da iniciativa privada, com o apoio oficial do governo federal”, destacou Mattos.
Para Adrianno Lorenzon, gerente de Gás Natural da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), o gás natural é bastante estratégico do ponto de vista do país.
Ele contou que, nesse primeiro momento da pandemia, a Petrobras, como monopolista de fato, suspendeu penalidades de contrato para os consumidores industriais.
“A pandemia nos pegou no meio dessa transição de gás, do monopolista para um mercado de vários agentes. Há uma série de regulações planejadas, tanto do ponto de vista federal como estadual. Temos que utilizar esse momento para acelerar a regulação, porque o gás é muito importante para a retomada da economia. O momento é de acelerar as mudanças e equacionar as pendências até o final do ano. Para termos, em 2021, um mercado que possa escolher o seu supridor de gás – com produção nacional de outros operadores; aquisição por outros players com a redução do contrato com a Bolívia; e com o GNL (Gás Natural Liquefeito) –, a regulação nos estados precisa acontecer”, explicou Lorenzon, que anunciou que a molécula de gás vai cair em torno de 30% em real nos próximos meses.
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