Um estudo da KPMG aponta que 60% das captações em 2023 aconteceram em rodadas iniciais de investimento (pré-seed ou seed).
Já um levantamento da Distrito aponta que nos últimos meses, apenas 1 em cada 3 investimentos em startups foram em Série A ou B, sendo a maior parte aplicados em estágios anteriores.
O momento de escassez de recursos acabou selecionando naturalmente as startups com maior adaptação de estratégias de crescimento.
De acordo com Lívia Hallak, Portfólio Manager da Oxygea, veículo de CVC, CVB e aceleração de startups que deve investir US$150 milhões com foco em sustentabilidade e inovação, existem alguns requisitos fundamentais para uma startup atrair investimentos:
Runway Alongado e Modelagem Financeira
O cenário de reprecificação de startups globalmente entre 2021 e 2022 trouxe mudanças relevantes nos critérios de avaliação dos investidores.
Estes, por sua vez, têm adotado políticas mais rigorosas que acabam por alongar o período médio de captação de uma rodada.
A cautela generalizada faz com que o poder de negociação entre as partes esteja mais equilibrado e em muitos casos mais favorável ao investidor.
Para Lívia, a busca por valuations mais conservadores é regra, bem como a adoção de estratégias de crescimento menos agressivas, levando em consideração a capacidade de lucratividade e geração de caixa das companhias.
“Fatores como runway alongado e robustez das premissas para modelagem do breakeven deixam de ser vantagem competitiva e se tornam a nova norma para startups, independente do estágio”, destaca a executiva.
Bom relacionamento com o ecossistema
É preciso estreitar o relacionamento com o mercado mesmo quando não se está procurando por investidores.
“Em geral, para cada startup existe um ecossistema e essas conexões são muito importantes, não apenas para investimentos, mas para fazer parcerias e entender mais sobre as tendências de mercado. Esse networking ajuda bastante no momento da captação”, destaca o especialista.
Além disso, Lívia aponta que é essencial que esses contatos sejam feitos pelos founders e principais membros da startup, “são eles que dão ‘cara’ e o direcionamento ao negócio”, conclui.
Saiba onde buscar investimentos
O mercado global possibilita conexões entre startups de diversas regiões e no cenário latino americano, o Brasil lidera os investimentos vindos do exterior, por diversos fatores como maturidade do ecossistema e estabilidade, por exemplo.
“Depois de um período difícil, o investimento em Venture Capital deve voltar a ser impulsionado pela queda na taxa de juros. O Brasil se destaca por ter um ecossistema mais desenvolvido na região e, por isso, estar atento às oportunidades do exterior é importante”, aponta Lívia.
Foque em propósitos e diferenciais fortes
Com um mercado mais exigente, as startups que mostram se preocupar com mais do que o próprio crescimento, ganham destaque.
Atualmente, apresentar propósitos bem delimitados, time de qualidade e diferenciais relevantes tem se mostrado essencial para atrair investidores.
Segundo Lívia Hallak, “se atentar com as tendências de sustentabilidade exigidas para novos negócios é um diferencial competitivo de muito valor. Ter uma solução de fato inovadora, que respeite critérios de sustentabilidade, é essencial para que um investidor consiga visualizar essa solução como promissora no longo prazo”, explica a Portfólio Manager da Oxygea.
Indicativos de boa estrutura e números relevantes
Estrutura e números são grandes evidências que comprovam a eficiência e potencial de uma startup.
De acordo com a Lívia, “cada veículo de investimento tem seus requisitos específicos, como métricas e parâmetros de análise para fazer investimentos”.
No caso da Oxygea, que tem como mandato no CVC investir primordialmente em rodadas series A e B de startups com foco em sustentabilidade e transformação digital na indústria, os principais critérios de avaliação são:
1- Avaliação dos founders e time;
2- Qualidade do captable;
3- Mercado endereçável e ambiente competitivo;
4- Diferenciais competitivos do modelo de negócios ou solução;
5- Comprovação de product market fit.
“É preciso ter a casa arrumada e entender os elementos que destacam e diferenciam seu negócio. Com menos capital, os investidores são mais cautelosos na seleção de startups e buscam soluções com o melhor potencial de retorno e um caráter mais resiliente para sobreviver sem precisar de tantos recursos”, finaliza Lívia Hallak, Portfólio Manager da Oxygea.
Sobre a Oxygea
A Oxygea é um veículo de corporate venture capital, Venture Building e aceleração de startups dedicado a impulsionar negócios com foco em sustentabilidade e transformação digital na indústria.
O veículo deve investir US$150 milhões – sendo 100 milhões para CVC e 50 milhões para venture building e aceleração – em startups com foco em neutralidade de carbono, economia circular, energia renovável, novos materiais e transformação digital, abrangendo Smart Factory, Analytics e Big Data.
Além do capital investido, a marca busca oferecer suporte dedicado ao portfólio e facilitar conexões com o ecossistema de inovação, mentores (como cientistas e PhDs), clientes e fornecedores.