Fundos de Private Equity GEF e SMZTO se unem para investimento no setor de energia solar

Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que, em 2021, os sistemas de geração de energia solar representaram mais de 70% da potência da usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo e a maior da América Latina.

Entretanto, a participação dessa fonte de energia na matriz energética brasileira ainda é pequena: mesmo com crescimento entre janeiro e dezembro do ano passado, pulou de 1,6% para 2,4%, mostrando que ainda há espaço de sobra para expansão.

De olho no crescimento desse setor, os fundos de Private Equity GEF e SMZTO anunciam sua nova investida: a HCC Energia Solar.

Fundada em 2005, em Ibirubá (RS), a empresa especializada em elaborar projetos customizados de instalação de placas fotovoltaicas e soluções personalizadas de geração de energia se valerá do aporte e da gestão profissionalizada do grupo para dobrar de tamanho em 2022 via franchising. Também investirá em um novo modelo de negócio: o de serviços de assinatura de energia elétrica para clientes de todos os portes.

Do funding dessa rodada, segundo Luiz Wagner Pinto, CEO da HCC, aproximadamente 80% estão sendo destinados à construção de usinas de geração de energia fotovoltaica, que devem começar a funcionar em outubro de 2022 e se conectarão com as franquias até chegarem ao consumidor final – em especial, aquele que não tem espaço em casa ou no apartamento para instalação dos painéis de captação, mas poderá acessar o serviço de fornecimento de energia solar por assinatura.

“Um dos motivos de capitalizar a companhia é investir nessas usinas para que os clientes das nossas franquias obtenham energia barata e limpa, beneficiando não só quem tem pouco espaço, mas quem não tem condições financeiras de adquirir um projeto do tipo”, explica o CEO.

Ao invés de investir em infraestrutura, consumidores de todos os portes poderão comprar pacotes de quilowatts/hora e usufruir energia limpa e barata, com economia de até 95%, transmitida via concessionárias tradicionais, como a Enel.

A facilidade do serviço será sentida no bolso: com adesão gratuita, o modelo de assinatura oferece três modalidades: fornecimento por um ano, com desconto de 10% na tarifa original de energia, de três anos, com abatimento de 15%, e de cinco anos, com 20%.

Nessa jornada, o papel dos atuais e potenciais parceiros de negócios da marca será fundamental para fazer a conexão com os clientes. Enquanto a elaboração dos projetos e o envio de materiais são de responsabilidade da franqueadora, o franqueado cuida da área comercial, fazendo levantamentos preliminares do campo de atuação.

Também vende projetos e planos de assinatura, executa obras e cuida da migração de clientes da concessionária para a usina.

“Buscamos franqueados que se adequem ao nosso propósito, que é levar energia solar para transformar o mundo, mas como uma solução diferente e customizada para cada tamanho de cliente”, afirma Luiz Wagner.

Mais do que isso, a HCC procura empreendedores que conhecem o mercado e se identificam com a área de energia limpa, especialmente administradores e engenheiros com perfil de expansão, que será guiada por um pilar: buscar quem quer empreender, e quem já atua na área pensando em melhorar seu negócio, dar mais profissionalização e alavancá-lo. “Esse é o perfil que a marca quer alcançar e trazer para dentro da franquia”, afirma o CEO.

Transformação energética em expansão

Ao ser comprada em 2009 por funcionários  entre eles– o engenheiro elétrico Luiz Wagner Pinto, e o administrador Márcio Truss –, a HCC, que até então passava por uma fase de estagnação, iniciou uma reviravolta em seu modelo de negócio.

Como a empresa tinha raízes na prestação de serviços e elaboração de projetos de engenharia, a dupla de sócios, com apenas 25 anos de idade na época, passou a acompanhar de perto o mercado de energia solar no Brasil e no Exterior.

Após longa análise a empresa concluiu, ainda em 2014, que o segmento de geração de energia fotovoltaica, incipiente no Brasil à época, seria o grande diferencial para sua operação nos anos seguintes.

A partir dali, decidiram apostar todas as fichas neste novo propósito. “Tínhamos uma história de DNA técnico de engenharia elétrica, mas vimos na energia solar uma forma de impactar a vida das pessoas por meio de um negócio sustentável e que geraria resultados de forma limpa e barata”, conta Luiz Wagner.

Ao apostar na modernização dos negócios e entrar de vez neste mercado, a partir de 2019 a HCC adotou o franchising para impulsionar a expansão do novo modelo. Já na virada para 2020, cresceu 20% e, mesmo sofrendo com os primeiros impactos da pandemia, conseguiu encerrar o ano avançando 50%. Com o sucesso da empreitada, passou a buscar parceiros investidores para escalar o negócio, que culminou na sociedade com os fundos GEF e SMZTO.

Marca tem 72 unidades em 17 estados

Operando nos formatos de loja tradicional e micro franquia home office, a HCC dobrou os indicadores, atingindo um faturamento de R$ 160 milhões já em 2021. Até o momento, a marca tem 72 unidades em operação em 17 estados brasileiros, sendo que seis são próprias.

Agora, em conjunto com GEF e SMZTO, projeta fechar o ano com 120 franquias ativas, principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte do Nordeste, dobrando o faturamento para R$ 300 milhões.

Para Luiz Wagner, à medida em que uma das consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia é a disputa por energia – o que no Brasil elevou ainda mais os preços da conta de luz -é preciso reforçar a necessidade de promover uma verdadeira transformação na matriz energética nacional.

Segundo ele, essa será a principal missão da HCC nos próximos anos. “A partir dessa disputa e da dificuldade de acessar a energia velha do carvão e do gás combustível, essa transformação deve ser acelerada para economizar, gerar energia limpa e alcançar a independência energética construída por meio da disseminação do uso da energia solar”, afirma.

Clientes de todos os portes e perfis

Além de agregar à HCC “uma maneira muito sólida e organizada de trabalhar em rede, bem como trazer know how de operações ESG e padrão de governança internacional”, segundo Luiz Wagner, o conhecimento e a experiência da nova base de investidores também serão fundamentais para dar o suporte necessário que irá alicerçar essa expansão.

“Dobrar o faturamento não é simples. É preciso base para isso. Já percebemos desde os primeiros contatos e, agora, no dia a dia, que, quando conseguirmos extrair todo esse know-how, teremos a força necessária para atingirmos o nosso objetivo.”

O CEO da SMZTO, Bruno Semenzato, destaca que a HCC possui em sua origem o DNA técnico de projetos em engenharia que permite à empresa navegar em diferentes perfis e portes de clientes: de projetos públicos à indústria, do pequeno comércio ao agronegócio e até residências.

E é isso, em sua avaliação, que a diferencia da concorrência, em geral focada em instalações menores ou domésticas. “Hoje o breakdown de faturamento da empresa é bastante diversificado e inclui projetos de grande porte, com pipeline robusto, trazendo uma resiliência que, para nós, é altamente valiosa.”

Estevan Taguchi, diretor da GEF Capital, ressalta que a HCC se destaca entre as empresas no setor de geração distribuída solar nos últimos anos e tem conseguido entregar uma solução completa aos seus clientes, dada a operação verticalizada.

Estevan ainda destaca que a liderança do time de gestão e a cultura da empresa serão diferenciais para a companhia atingir novos patamares nos próximos anos. “Acreditamos que a companhia tem grande potencial de ser líder nas novas fases do setor, como em soluções híbridas, em serviços de pós-venda e em constante busca por inovação.

Ao longo dos últimos anos a HCC tem contribuído de forma relevante para o crescimento da adoção de energias renováveis no país, o que está totalmente alinhado com a nossa tese de investimentos”

Sobre os investidores

O GEF Brasil faz parte da plataforma de investimentos GEF Capital Partners (“GEF Capital”) fundo de Private Equity com aproximadamente 600 milhões de dólares sob gestão dedicados a investimentos sustentáveis.

O GEF foi constituído em março de 2018 após a conclusão de uma cisão colaborativa do Global Environment Fund, um dos primeiros fundos a investir em sustentabilidade global e preservação ambiental em importantes mercados emergentes e nos Estados Unidos.

O fundo atua e busca crescer com base no legado deixado pelo Global Environment Fund, focando em empresas que contribuam para o uso otimizado de recursos e a construção de um futuro mais sustentável. Atualmente, o GEF Capital possui cerca de 30 profissionais em três escritórios globais: São Paulo (Brasil), Washington, D.C. (EUA) e Mumbai (Índia).

A SMZTO é a principal empresa de investimentos do mercado de franquias no Brasil. Com companhias como Espaçolaser, OdontoCompany, Instituto Embelleze, Oral Sin e Oakberry, seu portfólio inclui mais de 12 marcas com mais de 3 mil franquias em operação. Desde 2011, o grupo vem ajudando a desenvolver marcas líderes neste mercado, em diferentes setores.

Em 2021, mesmo em cenário desafiador para o varejo, as companhias do grupo atingiram faturamento consolidado superior a R$ 4,5 bilhões.

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