Brasil pode se transformar em polo de talentos de TI, apontam estudos do setor

Com mão de obra qualificada e presença de startups e grandes empresas globais de tecnologia, o Brasil tem potencial para se transformar em um polo de talentos de tecnologia. Foi o que apontou estudos e de empresas privadas e associações do setor. Segundo a pesquisa Mercado Brasileiro de Software: panorama e tendências, realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), o Brasil possui um mercado robusto de TI, avaliado em US$ 45,5 bilhões (R$ 225 bilhões).

O montante movimentado pelo setor posiciona o país como líder do setor na América Latina, seguido por México, Colômbia e Argentina. Esse total é dividido entre os segmentos de hardware (US$ 24,6 bilhões), softwares (US$ 11,6 bilhões) e services (US$ 8,8 bilhões).

O estudo revelou ainda que existem cerca de 33.475 empresas dedicadas ao desenvolvimento e produção de software, distribuição e prestação de serviços no mercado nacional, e mostrou que 64,6% delas têm como atividade principal o desenvolvimento e a produção de software ou prestação de serviços.

Além disso, existem mais de 8 mil empresas somente de desenvolvimento de software, e aproximadamente de 93,6% podem ser classificadas como micro e pequenas empresas. Por outro lado, 65% das gigantes do setor estão localizadas no país, como IBM, Google, Microsoft, Amazon, Meta e Dell.

Já a pesquisa Software Development Outsourcing in Brazil – A Comprehensive Report (Terceirização de Desenvolvimento de Software no Brasil – Um Relatório Abrangente), realizado pela Tecla, empresa norte-americana especializada em recrutamento e seleção de profissionais de tecnologia, destacou que o Brasil é o maior formador de talentos em tecnologia da América Latina. São mais de 500 mil profissionais participando do desenvolvimento de software offshore.

O país forma cerca de 200 mil profissionais anualmente em institutos de tecnologia. Os números colocam o Brasil como um mercado de talentos emergente para empresas norte-americanas, que buscam terceirizar serviços ou tarefas de tecnologia visando mais eficiência, agilidade e menor custo.

“Trabalho nesse campo há mais de doze anos. Durante esse tempo, presenciei pessoalmente que o número de talentos de tecnologia tem crescido não só no Brasil, mas também em países como Argentina, Colômbia e México. Também vi nossa indústria crescer globalmente. Hoje um dos players que fazem outsourcing de tecnologia global é a Índia, que tem mão de obra qualificada e barata. Mas muitas empresas preferem estar mais próximas e com fuso horário semelhante”, explica Vinicius Aleixo, sócio-diretor da Tordesilhas Capital.

Com 123 institutos nacionais de ciência e 400 incubadoras, o Brasil possui algumas das melhores instituições de TI do mundo, incluindo seis universidades brasileiras entre as 500 mais bem colocados no US News & World Report, tradicional ranking de instituições acadêmicas dos Estados Unidos: Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

“A principal barreira para esses profissionais trabalharem em empresas dos EUA ainda é a língua. Os brasileiros precisam ser capazes de se comunicar em escala global para competir e, portanto, aprender inglês é de extrema importância. No entanto, não há dúvida de que houve uma evolução nos últimos anos”, avalia Aleixo.

Startups e empresas globais de tecnologias

Com experiência em assuntos envolvendo grandes companhias globais de tecnologia e de consultoria para serviços de tecnologia na América Latina e no mundo, Aleixo reforça que o investimento da Globant, consultoria global focada em negócios digitais e de tecnologia, deverá impulsionar a contratação de desenvolvedores no Brasil e países vizinhos.

Criada em 2003, na Argentina, a Globant anunciou recentemente aporte de US$ 1 bilhão na América Latina, visando fortalecer a sua atuação na região. A empresa é uma das principais líderes em transformação digital na região, e possui clientes globais como Google, Electronic Arts e Santander, entre outros. São mais de 27 mil funcionários em 25 países.

O Brasil é reconhecido por uma bem-sucedida comunidade de startups e desenvolvedores. A taxa de inicialização é de 10,2%, ligeiramente inferior à taxa dos Estados Unidos, de 10,7%. O país hospeda cerca de 13 mil empresas iniciantes e 16 unicórnios tecnológicos, incluindo empresas como C6 Bank, Quinto Andar, Loggi e Nuvemshop, dentre outras.

“A comunidade de startups no Brasil é muito próspera e conta com inúmeros parques tecnológicos em várias regiões do país, em cidades como São José dos Campos, Campinas e Ribeirão Preto. Grandes empresas perceberam esse potencial do Brasil e cultura de startups no Brasil continuará a fazer avanços reais no cenário global”, destaca Aleixo.

 

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