Um discurso para o mundo

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Por mais que estejamos voltados para nossos (inúmeros) problemas internos, como a urgente imunização da população brasileira e a imprescindível reativação da economia para enfrentar o desemprego, é necessário acompanhar o que acontece no mundo.

Em 20 de janeiro deste ano, um fato merecedor de nossa atenção foi a posse do novo presidente dos EUA, Joe Biden, cujo discurso enseja importantes recados aos países que se orientam pelos princípios democráticos.

Na verdade, Biden fez um discurso para o mundo; um chamamento importante àqueles que reconhecem o valor da democracia. Convida ao bom combate em sua defesa, despojado de ressentimentos, mas focado objetivamente no que contribui para a consolidação de uma nação.

O presidente norte-americano destacou que a democracia é uma causa. E é frágil, sendo preciso o empenho de todos para preservá-la. “… Sabemos o que podemos e precisamos ser… Vocês conhecem a resiliência de nossa Constituição e a força de nossa nação… A história americana depende não de qualquer um de nós, não de alguns de nós, mas de todos nós. Depende de nós, o povo, que buscamos uma união mais perfeita”, disse ele, em frases que conversam diretamente com corações e mentes dos brasileiros.

“Seremos julgados, eu e você, pelo modo como resolvermos as crises de nossa era. Vamos nos mostrar à altura da ocasião?” adverte Joe Biden

No momento em que o Brasil enfrenta tamanho descompasso, as palavras de Biden apontam o caminho da pacificação: a união. União para combater a raiva, o ressentimento, o ódio. Para combater o extremismo, o desrespeito às leis, a violência, a doença, o desemprego e a desesperança. “Podemos unir nossas forças, pôr fim à gritaria e acalmar os ânimos. Pois sem união, não há paz, apenas amargura e fúria. Não há progresso, apenas revolta exaustiva. Não há nação, apenas um estado de caos… Vamos ouvir uns aos outros. A política não precisa ser um incêndio devastador que destrói tudo em seu caminho”, grifamos.

Dentre outras afirmações relevantes, vale também destacar aspecto que certamente temos em comum: “Compreendo que muitos americanos encaram o futuro com algum medo e perturbação… Mas a resposta não está em se voltar para dentro, em recuar e formar facções concorrentes, desconfiar daqueles que não se parecem com você…”.

“…Precisamos pôr fim a esta guerra incivil que opõe o vermelho ao azul, o rural ao urbano, o conservador ao liberal… Porque a verdade sobre a vida é seguinte: não há como saber que sorte o destino nos reserva… Vamos precisar uns dos outros para o trabalho que temos pela frente…Precisamos deixar a política de lado e finalmente encarar esta pandemia como uma só nação… Seremos julgados, eu e você, pelo modo como resolvermos as crises de nossa era. Vamos nos mostrar à altura da ocasião?”

Esta é a grande pergunta que temos de nos fazer como brasileiros. Estaremos nós à altura para responder ao que a Nação suplica? Esperemos que o recado de Joe Biden possa ser entendido e absorvido também pelo povo brasileiro. E que “a democracia e a esperança, a verdade e a justiça, não morram no nosso turno, mas se fortaleçam”.


*Basilio Jafet é presidente do Secovi-SP

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