Tunico da Vila canta a cultura das escolas de samba na Sala Baden Powell em Copacabana

FOTO ZANETE DADALTO

O sambista Tunico da Vila, apresenta o show “Tunico da Vila e do Terreiro” na Sala Municipal Baden Powell durante o Carnaval da Casa da Bossa, no dia 22 de fevereiro, sexta-feira, às 20 horas. A apresentação evidencia os sambas exaltação ou sambas de terreiro, como são conhecidas as canções que exaltam o amor às escolas de samba. Hinos compostos e cantados por quem vivencia o universo do carnaval. Tunico da Vila que é benemérito da Unidos de Vila Isabel, faz parte da ala de compositores e é autor do samba campeão do carnaval de 2013, fala que “é um momento afetivo o esquenta antes de pisar na avenida. Nos sambas de terreiro as escolas cantam a sua identidade e acima de tudo é uma reverência a toda ancestralidade que se dedicou aquele pavilhão”.

O cantor e compositor Tunico da Vila canta canções que contam histórias ancestrais, a ligação umbilical do sagrado com o samba, já que o ritmo nasce da liga com as tradições africanas, dentro de um terreiro da mãe de santo e do samba, Tia Ciata, representada pelas baianas no carnaval. No repertório do show sambas de terreiro e de enredo como “Renascer das Cinzas”, “Chico Rei”, “Prece ao Sol”, “Kizomba”, “Sonho de um sonho”, ” Festa no Arraiá”, além de ritmos africanos com “Semba dos Ancestrais” e “Muadiakime”.

O Terreirinho, região de sambas históricos no Morro dos Macacos e da comemoração do primeiro título da Unidos de Vila Isabel, “Kizomba, Festa da Raça” também é lembrado no show. “O Terreirinho era o palco dos sambistas no morro. Naquele chão de terra batida que fomos comemorar, a família toda e o povo do samba, em 1988 quando desfilei na bateria da Vila. Meu pai gravou um vídeo histórico lá com a Rosinha de Valença, Maestro Paulo Moura e outros bambas. Fui ensinado pelos meus pais a amar a cultura da escola de samba. Esse modo de ler a vida está gravado na minha alma. É muita prazeroso para mim cantar as tradições e tudo que envolve ela. Aprendi que beijar a bandeira começou lá com Ciata, a comer coletivamente, a respeitar a hierarquia dos mais velhos, as cantorias dos compositores nas quadras e os gurufins”, rememora Tunico que tinha 15 anos na época de Kizomba.

Agenda:

Tunico da Vila e do Terreiro na Sala Baden Powell

Carnaval da Casa da Bossa

Data: 22\02\2019- Sexta-feira

Horário: 20 hs

Local: Av. Nossa Senhora de Copacabana, 360

Telefone: (21) 2547-9147

Ingressos: R$30 Meia R$60 Inteira

Trajetória

Tunico da Vila firma-se como grata revelação do samba contemporâneo, aliando sua vivência como músico a experiências ligadas ao seu universo cultural. Retrata por meio de seu show os ambientes que deram liga ao samba carioca, os terreiros e as rodas de samba. Canta a cultura de matriz africana, o que evidencia a influência do sagrado no samba, na obra de Martinho da Vila e de seus descendentes. Apresenta sambas de roda, de partido-alto, de terreiro, afro-sambas, além de ritmos angolanos. Através de laços de afetividade, conversa musicalmente com o público, por meio de suas composições, sobre a origem banta e irreverente do samba de partido-alto, o cotidiano do povo negro, liberdade racial e sensualidade.

Começou a compor sambas em 1994 com Paulinho da Aba (in memoriam) e Agrião. Junto com sua irmã Analimar, Ana Costa, Cristina Deane e Agrião fez parte do grupo “Coeur Sambar”. Seu lado compositor nasce em 1994, no antigo bar do Varandão, reduto de sambistas de Vila Isabel quando compôs seu primeiro samba com os parceiros Paulinho da Aba (in memoriam) e Agrião. Inicia sua carreira como músico profissional aos 20 anos de idade. Percussionista consagrado, fez parte do movimento que levou a percussão brasileira para o exterior. Tunico da Vila fez carreira internacional, tendo atuado na Dinamarca, Portugal, Cabo Verde, França, Inglaterra, Suíça, Alemanha e Angola. Foi músico da banda de Martinho da Vila durante 25 anos, atuou com outros artistas como Emílio Santiago, Leila Pinheiro e nomes além do samba como Homem de Bem, Tito Paris, Jorge Degas, Tabanka Djaz, Manecas Costa, Luís Represas, Banda Maravilha, Keld Henderson e Kelly Rowland, onde fez arranjos de percussão para o clipe produzido pelo cineasta americano Spike Lee.

É compositor da Universal Music, gravou seu primeiro álbum intitulado “Tunico Ferreira” (2003), que fez sucesso com a música “Nota de Cem”. Em 2009, lançou seu segundo álbum “Na cadência do Partido Alto” e em 2016, o EP “O Velho de Oiá”, disponível nas plataformas Spotify e Deezer. Salgadinho gravou a canção, “Que paixão tão linda é essa” (2017), de Tunico da Vila. Nos CD´S de Martinho da Vila, Tunico da Vila assina as canções, “Um ai ai pro meu amor” no álbum “Tá delícia, tá gostoso” (1995), “Pare de brincar comigo” e “Difícil ser fiel” no álbum “O Pai da Alegria” (1999). Das composições com Martinho da Vila, a música “Cheguei no Samba”, gravada pelo grupo Swing e Simpatia (2000). Autor de “Festa de Caboclo”, Tunico foi gravado por Martinho da Vila no CD “Da Roça e da Cidade” (2001). Interpretou o samba romântico de sua autoria, “Vivo pra sentir seu prazer” no álbum “Lambendo a Cria” (2011), “Meu Off Rio” no DVD Sambabook Martinho da Vila (2013), e os sambas de enredo, “De alegria pulei, de alegria cantei “e “Teatro Brasileiro”, dessa vez no CD “Enredo” (2014) de Martinho.

Já se apresentou com sua banda, em shows no carnaval de Almada e Crato em Portugal, nas principais casas de samba do eixo Rio- SP, no Teatro Rival (RJ), nos teatros do Sesc Ipiranga (SP), Pompéia (SP), Sesc Ribeirão Preto (SP), São Carlos (SP) e no Teatro Guaíra em Curitiba (PR), nas cidades de Belo Horizonte (MG), Belém (PA), Brasília (DF), Florianópolis (SC), Vitória (ES) e Uruguaiana (RS). Em 2017 e 2018, Tunico da Vila gravou dois clipes e disponibilizou nas plataformas streamings, “É dia de rede no mar” uma ode à cultura negra do povo do mar e “Nos Caminhos de Um Só”, junto com o sambista Xande de Pilares, povos de terreiro e do congo num canto pela liberdade religiosa. Tunico da Vila realiza um projeto que envolve tradições e ancestralidade no estado do Espírito Santo, terra do congo, ritmo africano e da toada “Madalena do Jucu”, adaptada em samba por Martinho da Vila em 1989. Em 2018, interpretou o samba-enredo conhecido como “Festa no Arraiá”, de sua autoria em parceria com Martinho da Vila e Arlindo Cruz no álbum “Alô Vila Isabeeel” e a canção “Baixou na Avenida” no CD “Bandeira da Fé”, ambos de Martinho da Vila pela Sony.

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