Suspensão do empréstimo consignado mobiliza mercado de crédito

Manifestação contra a suspensão do empréstimo consignado (Foto: Divulgação)

O domingo foi de mobilização contra a suspensão do empréstimo consignado.

Mais de mil pessoas e representantes de empresas e setores afetados pela medida se reuniram, online e presencial, em uma manifestação que contou com a presença de aposentados, empresas de crédito, correspondentes bancários, representantes da ANEPS (Associação Nacional dos Profissionais e Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes), influenciadores e deputados federais.

O encontro presencial aconteceu na manhã deste último domingo(19), em Guarulhos, São Paulo.

Yasmin Melo, do Movimento Gigantes do Consignado e uma das lideranças à frente da manifestação, chamou a atenção para o impacto da medida para a economia.

“A suspensão do crédito consignado anunciada pelos bancos já provoca um desmonte no setor, com demissões e fechamento de empresas. Se o governo quer reduzir o endividamento, o ataque não pode ser contra quem oferece o crédito mais barato, deve começar com o crédito pessoal, que além de não ter nenhuma regulamentação, chega a ter juros exorbitantes ”, critica Yasmin Melo.

Manoel Marques, da Farina Soluções Financeiras, conta que já precisou demitir 12 funcionários. A empresa está há sete anos no mercado e contava com 30 colaboradores.

Ontem, ele participou do encontro em Guarulhos para entender melhor as perspectivas do mercado.

“Se não houver mudanças, infelizmente teremos de demitir mais pessoas”, lamentou.

Suspensão do empréstimo consignado

A suspensão é reflexo da redução dos juros para o consignado do INSS, aprovada pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS).  Com os novos limites, o teto dos juros do empréstimo consignado passa de 2,14% para 1,70% ao mês.

O teto dos juros do cartão de crédito consignado passa de 3,06% para 2.62% ao mês.

O presidente da ANEPS, Edison João Costa, disse que a maneira como a medida foi tomada coloca em risco um setor que emprega hoje cerca de 2 milhões de pessoas e é responsável pelo atendimento humanizado aos aposentados.

“Muitos aposentados não têm acesso aos bancos. Se sentem até intimidados em procurar as agências, que estão cada vez mais estilizadas e com horário reduzido. É o correspondente bancário que leva atendimento a este público”, pontuou.

Os deputados federais Orlando Silva e capitão Alberto Neto participaram do evento e também criticaram a medida.

“É preciso reduzir os juros, mas isso não pode ser feito de uma maneira artificial que pode, inclusive, causar uma situação de instabilidade e aumentar ainda mais as taxas de juros”, disse o deputado Orlando Silva.

Além da manifestação deste domingo, o movimento está colhendo assinaturas para um abaixo assinado que pede a revogação da medida.

“Nossa expectativa é que o bom senso prevaleça. Todos somos a favor de um crédito com juros menor, mas com a Selic no patamar atual, e sem oferta de crédito consignado, esta medida causa um verdadeiro colapso que prejudica aposentados, trabalhadores e toda a economia do país”, finaliza Yasmin.

Além da luta contra a extinção do crédito consignado, o movimento que também quer fortalecer a briga pela regulamentação dos correspondentes bancários, frequentemente associada a golpes contra aposentados.

Sair da versão mobile