Setor do turismo faz manifestação pelo direito de trabalhar em Bento Gonçalves

Cartão postal de Bento Gonçalves, a Pipa Pórtico, localizada no acesso principal à cidade, amanheceu enlutada nesta terça-feira.

O motivo foi uma ação de sensibilização assinada pelos profissionais ligados ao segmento do turismo – impedidos de trabalhar por quatro semanas, em função das restrições impostas pelo modelo de Distanciamento Controlado do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Sobre o monumento de mais de 15 metros de altura, eles estenderam uma faixa com os impactantes dizeres “Esse destino turístico deixará de existir. #SOSTURISMO”.

O ato faz parte de uma série de atividades programadas para ocorrer ao longo do dia, em diversos pontos do município, dentro da campanha ‘O Turismo Não é o Vilão’, agregando força ao movimento iniciado na Região das Hortênsias. A mobilização está ocorrendo de forma concomitante em diversas cidades gaúchas cuja economia está fortemente ligada ao segmento.

Na Capital Brasileira do Vinho, os manifestantes anunciaram a aplicação de faixas e cartazes em locais de grande movimentação, sensibilizando a sociedade para o drama do setor. Nelas, é possível ler frases fortes como

“Compreendemos o momento, mas estamos passando fome” e “Se traz o sustento da família, então é essencial”. Outro material explica o argumento da campanha da seguinte forma: “Chamar o turismo de vilão é desconsiderar nossa história, nossas raízes. Ele que é o motor de uma engrenagem composta por cidades, empresas e pessoas, muitas pessoas. Nós que sempre recebemos de braços abertos, agora recebemos de máscara. Investimos forte em protocolos para que a segurança, que é uma das nossas marcas, nunca ficasse de lado. O turismo gera empregos, renda e impostos, que mantém nossa estrutura de saúde e salva vidas. O turismo não é o vilão”.

Além disso, estabelecimentos da área exibirão panos pretos em suas fachadas, representando o luto decorrente da proibição do atendimento ao público.

turismo

Profissionais compartilharão, por meio das redes sociais, comoventes depoimentos contando as consequências que o estendido período de paralisação/restrição impôs aos seus negócios.

O objetivo é pressionar o Governo do Estado a adotar medidas mais coerentes do que a simples proibição de funcionamento do setor.

“O Turismo vem buscando diálogo com o Governo estadual há doze meses por meio do Comitê de Retomada do Turismo do Rio Grande do Sul, que reúne mais de 90 entidades do trade, sem sucesso. Não conseguimos uma única audiência com o Governador nesse período para negociar nossos pleitos, que por inúmeras vezes foram encaminhados, mas sem qualquer retorno. É urgente chamar a atenção do governo do Estado para o setor, afinal, ele abrange 109 mil empresas no Rio Grande do Sul que estão passando por seríssimas dificuldades. Para isso, os profissionais do turismo buscaram nas entidades apoio à causa e, então, surgiu a iniciativa desse movimento, cuja finalidade é viabilizar negociações com o Governador, explicar como é o funcionamento do setor e encontrar o equilíbrio para a retomada das atividades”, diz Gabrielle Signor Rodrigues, presidente do Bento Convention Bureau de Bento Gonçalves e integrante da comissão de Eventos Externos da 17ª Fenavinho, promovida pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves.

Entidades apoiam iniciativa

A mobilização dos profissionais do setor conquistou o apoio das entidades representativas, direta e indiretamente ligadas ao segmento, como é o caso do Bento Convention Bureau, SEGH, CDL-BG, Sindilojas e CIC-BG.

Tendo o incentivo ao turismo como uma das bandeiras de sua gestão, o presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC BG), Rogério Capoani, faz coro ao rol de entidades que avalizam a iniciativa ao posicionar o CIC-BG como apoiador da manifestação.

“Nos momentos mais difíceis da nossa sustentabilidade econômica, quando a indústria passava dificuldades significativas há anos, o turismo foi a base forte para não só a manutenção como, principalmente, o crescimento econômico e desenvolvimento social da nossa cidade e região. São milhares de famílias que dependem da cadeia turística para sobreviver e isso inclui os restaurantes e afins, tão atingidos pelas duras medidas do Governo do Estado. Sob o ponto de vista de turista, nós todos precisamos ter a felicidade e prazer de voltarmos a desfrutar dos atrativos construídos com tanto suor, empenho e, muitas vezes, sacrifícios de gerações e mais gerações da bela e amada Capital do Vinho”, diz.

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