Mais de 600 congressistas, dentre eles lideranças e especialistas do setor de saúde, de várias partes do mundo, se reuniram, no mês passado, em São Paulo, para aprofundarem debates sobre modelos que promovam melhorias para o setor, no 1º Congresso Latino-Americano de Valor em Saúde (CLAV’S 19).
A discussão, que coloca o paciente no centro do cuidado, discutiu propostas que visam melhorias para um atendimento eficaz e de qualidade, e garantam a sustentabilidade de um sistema que precisa cuidar da saúde de mais de 200 milhões de brasileiros.
Para os especialistas, o atual modelo de saúde, que é baseado na remuneração pela quantidade de serviços prestados à população (Modelo Baseado em Serviços), gera um forte desequilíbrio entre o paciente e as partes envolvidas da cadeia produtiva. E a migração para o Modelo de Saúde baseada em Valor é de extrema relevância para manter a estabilidade na gestão de recursos, considerando as necessidades dos clientes.
Aplicação de Saúde baseada em Valor, na prática
A saúde baseada em valor é um conceito que tem ganhado espaço, cada vez mais, nas discussões abordadas por especialistas, no Brasil, e no exterior. Isso porque, embora a definição seja a mais indicada, há muitos desafios para a sua aplicação. E um deles, é o de como mensurar os resultados a partir de um atendimento de qualidade; ou seja, a saúde com base em Valor (qualidade), e não na quantidade de serviços prestados.
“A maior dificuldade não é só medir, mas Como medir e Quais parâmetros serão utilizados para medir. Quais serão os indicadores? O que vai ser importante ser medido? Porque, muitas vezes, o que é sentido ou percebido como Valor pelo paciente não é entendível como Valor pela operadora ou pelo hospital. O paciente tem uma visão muito diferente do que ele enxerga…do que é Valor em Saúde. Por isso é importante ter um alinhamento dos indicadores. As operadoras conversando com os hospitais. Os hospitais disponibilizando seus indicadores de qualidade… e, de uma certa maneira, começar a comunicar para o paciente o que é Valor em Saúde. Afirma Goldete Priszkulnik, Executiva Médica em Gestão de Saúde Suplementar, complementando que falta uma comunicação mais efetiva com o beneficiário (o consumidor).
É preciso mudar para um modelo no qual o paciente esteja no centro do cuidado”, destacou José Mauro Vieira Jr., diretor do Instituto de Qualidade e Segurança do Hospital Sírio-Libanês, durante a palestra sobre saúde baseada em valor no setor privado.
Principais caminhos para a sustentabilidade do setor de saúde no Brasil é o diálogo
Para André Médici, Economista Sênior no Banco Mundial, esse tipo de discussão tem a maior relevância para o país.
“Nós temos que mudar os parâmetros pelos quais se avaliam e pelos quais se remuneram o setor de saúde no Brasil. E essa discussão cai na raiz da sustentabilidade do setor. Tanto o setor público quanto o setor privado, no Brasil, não são sustentáveis com os parâmetros atuais. Um congresso desse tipo vai trazer soluções, vai trazer discussões que podem sensibilizar, de forma suave e relevante para como se pode fazer uma melhoria nas conduções para mudar esses parâmetros de sustentabilidade e, especificamente, de qualidade no setor”. Concluiu.
Médici acredita que algumas iniciativas são fundamentais para impulsionar este novo modelo. “Existe um atalho que seria basicamente convocar para um diálogo os principais setores associados a isso. Pelo lado dos planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANAP; eles estão interessados em fazer isso, mas eles têm que começar a sair da posição passiva para ter a liderança do processo. E por outro lado, o Ministério da Saúde, que agora já está começando a sinalizar também a necessidade de rever, porque o orçamento dos próximos anos em saúde não vai aumentar. Então, que venha, basicamente, como melhorar a qualidade reduzindo os custos. São essas as questões que estão na base da discussão”. Concluiu o Economista, ressaltando sobre a necessidade de uma comunicação mais assertiva para que todos os setores consigam alcançar ao objetivo e levar o Valor para a parte mais interessada, que é o paciente. “O objetivo deste seminário é justamente o de sensibilizar e democratizar o conhecimento em relação a isso”.
Dados em saúde ainda é um grande desafio
O sistema de informação, a fragmentação do sistema de saúde como hoje ele é vendido, principalmente no sistema privado tem sido um grande desafio para implementar uma saúde baseada em Valor, no Brasil: “todo sistema construído ao longo dessas décadas foi sempre sistema de informação focados em faturamento: pagamentos de contas… então quando se passa a ter que gerenciar clínica, gerenciar informação clínica, fica muito difícil, porque você precisa, por vezes, de dados que não existem. Particularmente hoje existem três tipos de dados: aquele que eu tenho acesso; dados que existem e eu não tenho acesso; e dados que eu preciso, e não existem. Então eu preciso de um alinhamento disso tudo para conseguir medir valor”. Explica César Abicalaffe, diretor do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro de Valor em Saúde – IBRAVS, ressaltando a necessidade de tornar este conceito explícito e alinhado para as cabeças se abrirem e as coisas começarem a acontecer.
Abicalaffe afirma também que é preciso repensar nos modelos de remuneração, sendo este último, fator decisivo para aplicação da saúde Baseada em Valor. Para o especialista, a partir do momento que houver um modelo de saúde que obrigue a quem preste serviços a se comprometer com o resultado entregue ao paciente, a mudança do sistema de saúde vai acontecer de forma mais rápida.
O CLAV’S
Durante os dois dias de Congresso, as principais temáticas abordadas foram: mensuração do Valor em saúde aplicado aos mercados público e privado; o que é, de fato, Valor em saúde para o paciente (o significado do valor aos pacientes); a relação entre RH e o funcionário nesta questão; financiamento do valor na prestação de cuidados da saúde e como a educação médica e empresarial pode fazer a diferença nestas temáticas.
O evento contou com a presença de mais de 60 palestrantes nacionais e internacionais, dentre eles Glyn Jones, Michael Barr, João Marques Gomes, Anna Van Poucke, entre outros, que aprofundaram o máximo de conhecimentos sobre as experiências e casos práticos de saúde baseada em Valor. O Professor Emérito de Harvard, Robert Kaplan e cocriador da metodologia Balanced Scorecard (BSC) encerrou a o congresso apresentando uma palestra virtual com Insights para a América Latina.
O CLAV’S
Durante os dois dias de Congresso, as principais temáticas abordadas foram: mensuração do Valor em saúde aplicado aos mercados público e privado; o que é, de fato, Valor em saúde para o paciente (o significado do valor aos pacientes); a relação entre RH e o funcionário nesta questão; financiamento do valor na prestação de cuidados da saúde e como a educação médica e empresarial pode fazer a diferença nestas temáticas.
O evento contou com a presença de mais de 60 palestrantes nacionais e internacionais, dentre eles Glyn Jones, Michael Barr, João Marques Gomes, Anna Van Poucke, entre outros, que aprofundaram o máximo de conhecimentos sobre as experiências e casos práticos de saúde baseada em Valor. O Professor Emérito de Harvard, Robert Kaplan e cocriador da metodologia Balanced Scorecard (BSC) encerrou a o congresso apresentando uma palestra virtual com Insights para a América Latina.
Na avaliação de César Abicalaffe, diretor do Conselho Administrativo do Instituto Brasileiro de Valor em Saúde – IBRAVS, a 1º edição do Congresso Latino-Americano de Valor em Saúde – CLAV’S teve saldo bastante positivo. “Considero um tremendo sucesso! Acredito que todas as nossas expectativas foram atingidas, no sentido de começar a trazer essa lógica de alinhar os conceitos baseado em Valor para o nosso mercado”, afirma César. “Para nós foi uma grande satisfação esse 1º Congresso, e eu acho que é um marco para o IBRAV’S. O feedback das pessoas foi muito positivo. No 1º dia, na abertura do Congresso, tivemos uma discussão apresentada pelo pessoal do Institutet Karolinska, mostrando exatamente como isso está acontecendo na Europa – os modelos fortes e replicados em saúde baseado na Europa – já seguidos por modelos agora, que também discutidos dentro da área pública e privada. Interessante que nós dividimos o público entre público e privado, e a maior parte da pessoal foi para a área privada, apesar de as discussões na área pública terem sido fantásticas”. Concluiu César.
O IBRAV’S
O Instituto Brasileiro de Valor em Saúde (IBRAVS) é uma entidade sem fins lucrativos fundada por profissionais de diversas organizações conceituadas da cadeia da saúde. Tem como objetivo primordial a transformação do sistema de saúde brasileiro, consolidando e padronizando toda a informação de resultados dos pacientes e impulsionando, por meio desse conhecimento, uma prestação assistencial fundamentada em entrega de valor.