Em uma declaração nesta quarta-feira, 23 de outubro, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, confirmou que a nomeação de Alessandro Stefanutto para a presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi uma escolha pessoal, assumindo a total responsabilidade pela decisão. Lupi destacou a carreira de Stefanutto, que é procurador da República e, até o momento, demonstrou ser um servidor exemplar, tendo feito parte do grupo de transição do governo. “Vamos agora aguardar o processo, que corre sob segredo de Justiça”, afirmou o ministro.
A nomeação de Stefanutto ocorre em um contexto delicado, pois ele foi afastado do cargo em decorrência da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal (PF). A operação investiga um esquema bilionário envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários, que pode ter causado desvios de pelo menos R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, conforme informações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Lupi também enfatizou a necessidade de uma apuração rigorosa e anunciou que pretende punir severamente todos os envolvidos: “Quero punir exemplarmente qualquer cidadão ou cidadã que tenha cometido erros, malfeitos ou crimes.” Além disso, o ministro reconheceu uma falha do governo federal ao permitir que entidades firmassem acordos com o INSS sem uma verificação adequada de seus requisitos. “O governo falhou ao não verificar se as entidades cumpriam os requisitos para firmar o acordo com o INSS”, admitiu.
Alessandro Stefanutto é servidor de carreira do INSS desde 2000. Embora tenha sido filiado ao PSB, partido que faz parte da base governamental, ele se filiou recentemente ao PDT, presidido por Carlos Lupi. Apesar da troca de filiação, Carlos Siqueira, presidente do PSB, assegurou que o partido não teve qualquer influência na indicação de Stefanutto, afirmando: “Embora ele seja do PSB, foi escolhido pelo ministro Lupi sem qualquer indicação do PSB. O partido não foi consultado sobre essa indicação.”
A declaração de Lupi surge em um momento crítico, com a operação atingindo o alto escalão do INSS e exercendo pressão sobre a gestão da Previdência. Além de Stefanutto, cinco outros servidores foram afastados, incluindo o diretor de Benefícios e o procurador-geral do INSS. O governo continua a avaliar as repercussões da investigação sobre a governança do órgão.