Petróleo em queda livre e EUA voltando à ativa em meio à pandemia

No dia 21 de abril é feriado no Brasil (Tiradentes), um dos nove nacionais programados para 2020, sem contar os estaduais e municipais. Mas como não tivemos mercado aberto por aqui, então vamos ver como foi o mercado externo e os pontos de atenção para a semana, em especial, o petróleo.

Petróleo

Muita gente no mercado se perguntando o que aconteceu com o preço de petróleo que, pela primeira vez em sua história, fechou em território negativo, aos -US$37,6/barril (-306%) no dia 20, último.

Mas, de fato, o que esta acontecendo? Excluiremos termos técnicos, adaptaremos alguns conceitos e vamos direto ao que interessa:

no mercado financeiro existe preço (cotação) de quase tudo, e podemos encontrar estes índices nas bolsas de valores pelo mundo todo, porém, hoje, falaremos das bolsas nos Estados Unidos.

Por lá se negociam diversos contratos futuros (modalidade com vencimento) de diversos setores, e entre eles o assunto do dia: O Petróleo.

Os dois contratos futuros (que agora você já sabe que tem vencimento) mais negociados do que era então considerado o “Ouro Negro” são:

– WTI (West Texas Intermediate)

Extraído e estocado nos EUA, sendo mais específico, na região de Cushing, Oklahoma (uma região de logística complicada para exportação, sendo escoada pelo Golfo do México. Já dá para gente já imaginar um pouco do custo que lhe é adicionado e sem mencionar que os estoques estão nos limites por lá).

– BRENT (Internacional)

Extraído ao norte da Europa, tem significante facilidade de exportação em sua comparação ao WTI. É também considerado a cotação oficial para as petrolíferas.

Resumindo um pouco da história, o mundo além de viver uma crise de saúde, vive em paralelo alguns outros fatos que são bem complicados, que é o caso do petróleo e da extravante produção que Rússia e Arábia vem fazendo.

Os níveis de extração aumentaram substancialmente, fazendo com que (antes do agravamento do COVID-19) os preços do petróleo no mundo caíssem, impactando também outros produtores, como EUA por exemplo.

Indo direto ao ponto, a economia parou; o consumo reduziu e, agora, os produtores de ouro negro estão estocados até a tampa, literalmente. O efeito da oferta e da demanda, mais uma vez, falou mais alto e a consequência foi o petróleo cair ainda mais, a níveis jamais vivenciados (e este termo “jamais vivenciados” nas últimas semanas é o que mais temos visto).

A cotação que operou em níveis negativos foi do WTI, o contrato futuro do petróleo dos EUA, por fatores totalmente entendíveis (hoje analisando fica fácil né), pois como todo contrato futuro, ele também tem vencimento, e os investidores que estavam comprados neste contrato que vencia agora em abril, tinham que tomar uma decisão: exercer o seu direito e adquirir barris de petróleo.

Lembrando que a capacidade de estocagem na região já está quase toda comprometida, o que impactaria em um custo desproporcional, podendo não fazer sentido a compra do barril neste momento.

Rolar este contrato para o próximo vencimento e arcar com a diferença do preço de hoje para o preço negociado no próximo vencimento ou vender seu contrato a qualquer preço pois seria mais barato vender a qualquer preço do que arcar com os custos já comentados? É aqui que a gente entra!

Todos os investidores saíram vendendo seus contratos a qualquer preço, derrubando ainda mais o mercado, chegando ao ponto que estes mesmos investidores estavam “pagando” para o mercado comprar seus contratos (cotação negativa) devido as circunstancias no momento. E foi assim que a história foi escrita no último dia 20.

A cotação do petróleo BRENT também caiu neste dia, chegando abaixo dos U$ 20,00 (menor nível em quase 20 anos) também devido a toda essa confusão entre Rússia, Arábia, Opep e Cia Ltda.

A novela não acaba por aí, pois amanhã, dia 22 de abril serão divulgado os níveis de estoques de petróleo nos EUA e teremos mais dados para analisar todo este movimento, que talvez seja excessivo, mas esse episódio será contato em nosso próximo bate-papo.

Reabertura da Economia Americana

Nos EUA, alguns estados se programam para a retomada da atividade comercial, como é o caso da Geórgia, Carolina do Sul e outros estados, paralisada por conta dos números desastrosos causado pelo coronavírus.

Existe uma tensão política entre governo federal e de alguns estados, onde é possível acompanhar uma série de protestos, por conta de entenderem não ser o momento de pensar em economia e sim, na pandemia, dado que entendem estar no olho do furacão.

Fato que podemos entender é que em todos os colapsos econômicos vivenciados pelos EUA. Este, de fato, não veio com manual de instruções, sendo complexo e que já deixa, só nas últimas 4 semanas, 22 milhões de pessoas desempregadas (dados de pedido de seguro-desemprego).

Donald Trump, através de sua conta no Twitter, tomou a decisão de “suspender temporariamente” a imigração para os Estados Unidos para proteger os empregos dos americanos:

“Diante do ataque deste inimigo invisível e da necessidade de se proteger os empregos dos nossos grandiosos cidadãos americanos, vou firmar um decreto para suspender a imigração aos Estados Unidos”.

No Brasil, o Ibovespa fechou o dia 20 de abril aos 78.972,76 pontos (-0,02%) e o dólar cotado a R$ 5,309 (+1,4%).

Nos EUA, Dow Jones fechou hoje (21) com queda de -2,67% (23.018 pontos), S&P fechou com -3,07% (2.736) e NASDAQ com queda de -3,48% (8.263).

 

Sobre Guto Borgatto

 

Guto-BorgattoGuto Borgatto é administrador de empresas por formação e especialista em investimentos por paixão. É pós-graduado em Mercado de Capitais e tem especialização em Gestão de Negócios. Atua há mais de 12 anos no mercado de capitais como broker, consultor, assessor e palestrante. É professor universitário no Instituto Toledo de Ensino – ITE e Sócio da Profit Investimentos.

Instagram: @Borgatto

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