Em sua primeira visita ao Nordeste como ministro da Economia, Paulo Guedes fez palestra a convite do Jornalismo do Sistema Jangadeiro e do jornal digital Poder 360, na tarde desta quinta-feira (5), em Fortaleza, e apontou os caminhos que devem ser percorridos para equilibrar a economia do país. Paulo Guedes falou por cerca de duas horas para uma plateia de quase 700 empresários e políticos da região e começou sua fala afirmando não ter medo do futuro econômico do Brasil.
O Ministro da Economia disse que o Governo chegou aos capítulos finais da Reforma da Previdência e que irá aproveitar o momento para entrar com dois movimentos importantes: o Pacto Federativo, no Senado, e a Reforma Tributária. “Estamos conversando com os presidentes da Câmara e do Senado. A Câmara ficaria com a Reforma da Previdência e o Pacto Federativo entraria pelo Senado. Já a Reforma Tributária poderia entrar pelos dois”.
Guedes garantiu que a reforma tributária será conciliatória. Destacou o fato de uma proposta anterior estar parada há 18 anos por conta da discussão de que não é interessante levar os estados a leilão.
O ministro lembrou que a proposta atual do governo prevê a adoção de um IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) federal, e que os estados serão convidados a participar, estando liberados para fazer a transição. Para ele, o interessante seria que dois ou três estados fortes aderissem ao novo imposto, o que levaria os demais à adesão; caso contrário, ficarão fora do circuito logístico das companhias. Ele vê como exercício da liberdade um estado cobrar zero para uma empresa se instalar em seu território.
Privatizações
Para Paulo Guedes, o país viveu um caso clássico de descontrole de gastos nos últimos quarenta anos e a saída para a economia brasileira está no controle de gastos públicos, na privatização e em uma reforma política que dê mais autonomia aos gestores.
Em sua palestra, foi totalmente favorável à privatização das estatais. Para ele, o cenário é muito claro: em caso extremo, vender todas as estatais. Guedes ressaltou que os defensores de empresas que não precisam ser privatizadas precisam defender quais os pontos que pesariam na manutenção delas sob a esfera federal. “Caso contrário, nós venderemos todas porque elas são disfuncionais. A democracia exige recursos para as legítimas aspirações socais: educação, saúde, saneamento. Não para fazer chapa de aço, transmissores. Deixa isso pra iniciativa privada”, assegurou.
Segundo Guedes, há trilhões de dólares querendo entrar no país para serem aplicados nas áreas de saneamento, infraestrutura, óleo e gás, petróleo e minério. Esse dinheiro, segundo ele, quer vir para o Brasil. “É a turma que quer realmente botar fábrica e fazer a economia crescer”, completou.
Outros temas
Entre outros assuntos abordados pelo ministro em sua palestra estiveram a liberação anual de recursos do FGTS para os trabalhadores como um estímulo para a manutenção dos empregos e também como estratégia de crescimento para o Nordeste, o potencial da região e a necessidade de investimento em energia renovável e limpa.
Com a presença de Tasso Jereissati na plateia, relator da Reforma da Previdência no Senado, o ministro destacou a aprovação do relatório na Comissão de Constituição e Justiça. “Eu agradeço ao Tasso por incluir estados e municípios e acredito que o Senado vai melhorar em plenário o texto da Reforma. Estou otimista que vai dar certo”, disse Guedes, dirigindo-se ao senador cearense.