O que a pandemia vem ensinando aos pequenos e médios empreendedores

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Depois de ter passado por algumas empresas de tecnologia, entendi que arriscar fazia parte do processo de crescimento. Então me juntei a três amigos que conheci na faculdade, e que também cruzaram comigo em algumas dessas empresas, e decidimos abrir um negócio.

Pensamos em um aplicativo que “unia” as pessoas em locais físicos. Estávamos cheios de expectativas e vontade de fazer dar certo.

Era início de 2020, e quando o projeto estava começando a ser desenvolvido, veio a pandemia de Covid. E tudo foi por água abaixo.

Nossa ideia foi esmagada por um vírus mortal, que obrigou o mundo a se trancar em casa. A partir daí, entendemos que empreender era mais difícil do que parecia.

De acordo com os dados do PNAD, cerca de 600 mil empresas fecharam as portas durante a pandemia. Isso significa que milhares de pessoas precisaram se reinventar para sobreviver.

A pandemia vem ensinando aos pequenos e médios empreendedores que quando você decide abrir um negócio, precisa pensar em todos os cenários e hipóteses.

E mais do que isso, estar aberto ao aprendizado, que geralmente ocorre depois de erros e dificuldades.

Nos últimos meses, as PMEs que conseguiram se manter de pé, também se forçaram a se reestruturar a operação. Entendemos, por exemplo, que um escritório físico não é o único local em que as pessoas podem trabalhar.

A possibilidade do home office com certeza é algo que mudou. Isso gera impacto na qualidade de vida dos funcionários e na economia de gastos para a empresa.

Também aprendemos que, independentemente do tamanho do negócio, a saúde mental dos empreendedores e colaboradores, precisa ser cuidada.

E não podemos deixar de dizer que abrir as portas da nossa casa, principalmente em meio ao caos, nos tornou mais humanos.

Fez com que conhecêssemos a realidade dos nossos colegas, que vai muito além do horário comercial no escritório.

E podemos comprovar isso nas reuniões — as várias que acontecem por dia-, que contam com a participação dos filhos, dos cachorros e dos barulhos rotineiros.

A pandemia também nos ensinou a ter resiliência – a capacidade de lidar com problemas, adaptar-se às mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. E isso se aplica aos negócios também.

Com base nisso, decidimos não desistir. Olhamos para o novo cenário mundial e buscamos algo que ajudasse as pessoas de alguma forma.

Depois de ver amigos com dificuldades de ter mais espaço em casa e saber de empresas que fecharam e não sabiam o que fazer com os itens do escritório, enxergamos uma oportunidade: desburocratizar o processo de vendas de produtos usados pela internet. Daí nasceu a Já Vendeu.

Como milhares de empreendedores brasileiros, precisamos nos reinventar e buscar alternativas durante o caos.

Não é uma tarefa fácil, mas é uma questão de sobrevivência. Já diria o famoso provérbio: Caia sete vezes; levante-se oito.

* Lucas Navarro é co-fundador e CEO da Já Vendeu, startup referência na compra e venda de produtos usados.

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